Cantos do Tangará
Sou de Salinas
Brinquei nos cafezais
Ajudei a fabricar pinga no alambique
Apanhei sementes de capim
Sou mais eu olhando para dentro de mim
Corri naqueles morros de Minas
Tive na minha terra natal
Uma passagem muito rápida
Viajei ainda menino moço
Para o estado de mato Grosso
Mas sou de Salinas
Gosto de meninas,
Mulheres de verdade,
Tenho muita alegria e felicidade
Mas de Salinas tenho muita saudade
Combino a safra de carinho
Com pedaços de mim
Escrevo cartas ao vento
Pois fiz um juramento
Que em nossa Senhora do livramento
Quero de novo passear
Quero ir a Nova Olímpia
Passando por Barra do Bugres
Nova Denise, Nortelândia e Arenápolis
E chegar em Tangará
Não consigo esquecer-me de Rondonópolis
Terra de gente querida
Guiratinga e Poxoréo
Barra do Garças e Tonixoréu,
Deixei parte de minha vida
Gosto muito de Pedra Preta
De Juína e Cuiabá
Juara, Juruena, Castanheira
Terra hospitaleira
É a bela Tangará
Em terra nova do Norte
Quero passear
Ir também a Sinop e Água Boa
São Félix do Xingu tem lindas meninas
Coisa cristalina é Canarana
E Primavera do Leste,
Terra de gente boa.
Campo Novo do Parecis, terra da soja
Também nasceu a Sapezal
Campo Verde traz esperança
De um novo mundo ideal
Santo Antônio do Leverger
Tem alegria e tradição
Várzea Grande seu nome expande
Cocalhinho é um berço de carinho
Peço que proteja o Pantanal e a nação
Vila Bela e a Santíssima Trindade
De Cáceres tenho saudades
Comodoro como te adoro,
Mato Grosso é felicidade.
São José dos Quatro Marcos
Marcou uma grande evolução
Jangada é a amada
Que marcou meu coração
Hoje moro em Brasília
Mas nasci em Salinas, Minas Gerais
Já tive alguns anos em Nova Olímpia,
Tangará da Serra e Rondonópolis - MT,
Todavia, sou mineiro de Rocha Cristalizada!
Sou mineiro e me orgulho disto
Apesar da miséria dos Gerais
Aquela seca que assola o sertão
Ainda bato no peito com força total
Afirmando que aquele povo valente
E luta por um ideal
Que é preservar sua cultura,
Identidade de sertanejo
Já passei por muitos lugares
Cruzando obstáculos na vida
Mas morro de saudade
Da minha terra querida
Querida terra Chapadinha
De Olaria, todo interior
Onde a rapadura adoça a vida
Do sertanejo de verdade
E o angu é prato obrigatório
Procéis fica mais forti
E ir pro pasto pegá garroti
E derrubá para curá bicheira
Quandi isso fô preciso!
Mas o mineiro não estica conversa com estranho
Fala necessário e mais nada
Gosta de sapatear uma katira
Folia de Reis e Vaquejada
É uma mistura de sô com ochenti
Que vem de Goiás e da Bahia
Enriquecer a cultura do Norte de Minas
O berço em que nasci!
Ainda escrevo poemas românticos
Que falam de amores de verdade
Retratando o puro sentimento
Guardado no coração da mocidade
Que brincava de “passar anel”
Naquela noite enluarada
Em que brilhava o sorriso belo
E no rosto da rapaziada
Aquela vontade sincera
De ter sua namorada
Então jogava versos
Cumprindo a tradição
De quem jogasse mais versos
Na noite era campeão!
Era passado de avô para filho
De filho para neto
Assim seguia-se a tradição
Que era a riqueza cultural
Daquele simples ilustre lugar
Infelizmente não tive essa chance
Mudei de lá ainda criança
E fui conhecendo outras culturas
Que nada tinha a ver com a minha
Mas a raiz de poeta continuou viva
E vivo estou fazendo poesia
Que retrata a força e vontade
De vencer longos obstáculos
Criados pela humildade
Aquele guisado de banana caturra
O chupar manga-mamão
Deveras, gostaria de estar lá agora
Ouvindo cantoria com emoção
Aquelas festas com sanfona
Pandeiro, cavaquinho, viola e violão
Muita cachaça de alambique
Amizade solta no ar
Brincadeira de São João
Pulando fogueira fazendo cumpadi
Cumadi era feito também
Muitos biscoitos de goma de mandioca
Muita pipoca e soltava rojão
Enquanto a noite avançava
A festa continuava
A alegria se espalhava
Por todo aquele sertão
Que reunia em uma casa
De um grande amigo
Que lhes recebia com toda educação
E assim era a vida daquele povo
Que tinha em si, a razão de se viver bem!
Êta trem gostoso sô
Somos fabricantes de rapadura e requeijão
Vendemu bananas em Vitória da Conquista
Visitamo Bom Jisus na Lapa da Bahia
Fazemu muito versu bunito
E sortamu uma certa alegria
Que se espaia na Gerais
Em forma de puesia
Voltando ao relato daquela rica cultura
Gostaria muito de visitar Salinas
Montes Claros, Francisco de Sá
Taiobeiras, Janaúba, Porteirinha,
Riacho dos Machados, enfim:
Onde tem lindas meninas
Quero ouvir o mungir do gado
O barulho da cascata dos rios do Gerais
Falar uai sô, sou gente grande
Gosto de poesia e alegria quero mais
Ainda quero escrever um poema mineiro
Que fale a língua daquele povo do sertão
Onde se faz um queijo verdadeiro
Quero tomar café com requeijão
Comer pipoca e tomar garapa de cana
Pular fogueira numa noite de são João
Morro de saudade daquele lugar
Lugar que me viu nascer
Em Salinas quero de novo pisar
Antes do amanhecer
Quero tocar aquelas rochas do “varedão”
Tomar aquela água cristalina
Visitar aquela feira de Janaúba,
Montes Claros e Salinas
Lá se vende banana caturra
Se vende queijo e rapadura
Se vende jaca e laranjas
Se vende o prato mais gostoso do Brasil
Por isto terra de cor anil
A carne de vaca tem um sabor mais delicioso
O peixe, nem se fala
O pirãozinho que é feito lá
Dá-me água na boca só de eu falar
Quero tomar cachaça de alambique
Cachaça que o tio Zeca faz
Aquela que você toma um gole
E fica querendo muito mais
Como gostaria de escrever um poema
Que relatasse o desejo que sinto
Que é aquela vontade de visitar minha terra
É verdade, deveras, não minto!
Em tempo tão bom de cantar
O belo jeito ser do mineiro
De sempre acreditar
Naquilo que viu primeiro
Portanto, sua vida é planejada
Dentro de suas possibilidades
Não dá chute em bola furada
Para não causar instabilidade
Gostaria de escrever um poema
Tão simples como em cachorro que late
Mostrando a simplicidade do mineiro
Povo muito hospitaleiro
Grande povo brasileiro
Que expressa seus sofrimentos
Através do rosto cansado
De esperar por uma chuva
Lá no norte de Minas
Mineiros são bons homens
De bravura sem igual
Que nasceram para lutar
Pelos mesmos ideais
De conquistarem seus espaços
Na vida cultural
Do nosso país
Com seus gestos gentis
São simples e humildes
Batalhando outras conquistas
Sou mineiro de salinas
Isso não posso negar
Lá existem belas meninas
Que encantam o meu cantar
E fazem-me escrever em rimas
Sobre suas belezas “naturar”
Que só me deixam doidão
As querendo “namorá”
Sou mineiro de Salinas
Sou um grande salineiro
Gosto muito das meninas
Por este rincão brasileiro
Vou viajar muitas léguas
Para novamente encontrar
As belas meninas de Minas
E a elas por inteiro me entregar
Despedaçar-me-ei por inteiro
Nos mais sublimes versos
Enchendo as ruas de Salinas,
Terra bela de Minas,
De muito amor para dar
Ás pessoas humildes e boas
Além de inteligentes demais
Pessoas do norte de Minas Gerais
Pessoas que me fazem escrever
Este poema como recordação
De Salinas, meu torrão!