"COBRA CORÁ"

"COBRA CORÁ"

Valdemiro Mendonça.


Ieu fui arrancá minhoca

Mordi que quiria pescá.

Intoncis vi um pau podre,

Cheinho de mandaruvá

Juguei o pau na cacunda

E fui pro poço do taquará.

Cuma mão sigurava o pau

Na outra a vara di pescá.



Ieu sinti um friagi na nuca,

Nem deu mordi discunfiá.

De repenti sinti uma picada,

O pescoço dueu pra daná.

Ieu joguei o pau no chão,

Ai é queu vi a cobra corá.

Pisei im riba da cabeça dela,

Despois cumecei a chorá.

Ieu pensava que ia morrê,

Cu veneno quela laigô lá.



Intoncis a vista si apagô,

Ieu cumecei a me tuntiá.

Drumi inté nu otru dia cedo,

Sonhano ca tar cobra corá.

Acordei num sintino nada,

Fui pra minha casa discançá.

Minha muié oiô minha nuca,

Num tinha nada murdido lá.



Achu qui foi só o gaio do pau,

Que acismô di mim arranhá.

Aí chorei foi di dó da cobra,

Priguntanu pru que fui matá?

Ieu dismaiei foi de puro medo

Do veneno da cobra corá



Trovador


REEDIÇÃO, CORDEL SEM CORDA

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 19/08/2014
Reeditado em 26/04/2022
Código do texto: T4929098
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