A BATIDA DO PILÃO
VELHA SAUDADE
A BATIDA DO PILÃO
Maciço de baraúna
Esculpido em miolo
A batida do pilão
Servia a sabido e a tolo.
O milho virava xerém
Bem batido era fubá
Cuscuz bem gostoso
Ah! que saudade me dá.
No sopé de Serra Aguda
A mãe socava o pilão
Contemplava a natureza:
"Como é lindo o meu torrão"
Mão-de-pilão
Soca, soca,
O gostoso gergelim
Vira uma saborosa paçoca.
Pilão era o moinho da casa
Carne seca com farinha
Café com rapadura
O sertanejo tinha.
Mulher no pilão
Socando café
Seis da noite
Jantar e rezar com muita fé.
O velho pilão
Estava em quase todo lugar
Em Mãe Maroca e Mãe Joaninha
Na fazenda alagamar.
O pilão era importante
E também perfeito
Ficou abandonado
Hoje dói no meu peito.
Tudo isso
Não esqueço jamais
O velho pilão
Deixaram para trás.
O tempo
É o tamanho da ferida
No meu torrão
Acabou a sua vida.
O amigo emudeceu
Tinha coisas para contar
História de fartura e de seca
Virou pó, deixou de triturar.
O progresso acabou com seu valor
No canto da casa abandonado
Te dedico esse poema,
Hoje você foi lembrado.