A BATIDA DO PILÃO

VELHA SAUDADE

A BATIDA DO PILÃO

Maciço de baraúna

Esculpido em miolo

A batida do pilão

Servia a sabido e a tolo.

O milho virava xerém

Bem batido era fubá

Cuscuz bem gostoso

Ah! que saudade me dá.

No sopé de Serra Aguda

A mãe socava o pilão

Contemplava a natureza:

"Como é lindo o meu torrão"

Mão-de-pilão

Soca, soca,

O gostoso gergelim

Vira uma saborosa paçoca.

Pilão era o moinho da casa

Carne seca com farinha

Café com rapadura

O sertanejo tinha.

Mulher no pilão

Socando café

Seis da noite

Jantar e rezar com muita fé.

O velho pilão

Estava em quase todo lugar

Em Mãe Maroca e Mãe Joaninha

Na fazenda alagamar.

O pilão era importante

E também perfeito

Ficou abandonado

Hoje dói no meu peito.

Tudo isso

Não esqueço jamais

O velho pilão

Deixaram para trás.

O tempo

É o tamanho da ferida

No meu torrão

Acabou a sua vida.

O amigo emudeceu

Tinha coisas para contar

História de fartura e de seca

Virou pó, deixou de triturar.

O progresso acabou com seu valor

No canto da casa abandonado

Te dedico esse poema,

Hoje você foi lembrado.

Marcos Calaça
Enviado por Marcos Calaça em 30/07/2014
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