A VILA DO MEU PASSADO
Fui antonti lá na vila
Dondi morei quandu minina
Matá as minha sodadi.
Mas tá tudu tão deferenti
Inté a casa da genti
Mudô de indentidadi...
Num é mais a casa do Zé
Virô hotér du Tomé
Cum picina di verdadi!
O açogui que nóis comprava
Tamém alí já num tava
Ninhum tijolu de pé...
O granfinu que comprô
O açogui adirrubô
E montô um tar "café"!
A vendinha du Divinu
Dondi nóis runia os primu
Pra bebê uns goraná...
Sumiu cumu a fumaça
É restoranti de praça
Naquele memu lugá!
O marzém da Julieta
Que vindia in cardeneta
É supmercadu dus bão...
Só entra neli genti rica
Pobri de fora é que fica
É só chequi ô cartão.
O disinfiliz que comprô
Do jeitu das europia amontô
Vi falá que é alemão!
A igreja num aderrubaro
Dexaru nu memu lugá
Mais mexero... armentaro
Tem hora inté pra intrá!
Dobrei tininu a isquina
Nu carrerão de minina
Pra revê minha iscola incantada...
Carquei meu oiá foi num prédio
Cunhecí intão o tar "tédio"
Cás pestana alevantada!
O que dimais me apoquenta
Que os meu miolu isquenta
É sabê que eu vortei...
No lugá do meu passado
Vivinhu na menti guardado
E lá num mais me incontrei!