# PALHA DE MILHO

Quando pensei que verde não servia,

senão ser ao fogo lançado e queimado.

quando cheguei a me imaginar cinzas.

tão sem serventia pra capim de gado.

Pelas cangas de bois, ia balançando,

Algo de mim caia pelo caminho de terra,

Navio e navegador era a primeira junta

atrás o prateado, um boi que não berra.

Olhei as roças, capados, descampados,

verdejantes nos tempos de chuva farta.

e minhas espigas, de cabelos ruivos.

atacadas por coelhos tatus e martas.

Me estrebucho seco nessa roça rude,

água alguma me volve os verdes antigos.

ali uma traça e um besourinho, teimosos

são eles mesmo que tenho por inimigos.

Pra onde teria ido o feijão que enrolou,

no meu caule que briguento não saiu?

eu o vi partir meses antes, seco seco.

arrancado foi e pela campa sumiu.

Desce o carro de boi para um paiol,

meu calvário de ratos e barata tontas.

Me chamam agora de palha de milho.

feita pro cigarro de baforadas prontas.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 28/11/2013
Reeditado em 24/09/2021
Código do texto: T4591124
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