ALIGRIA NUM TEM PREÇU!

Arriei o meu cavalo

Saí a galupiá

Lá pras banda de Cristália

É adondi eu fui pará.

Sobe morro e faiz curva

Ranca a puera do chão

Sem curva e sem puera

Galupiava meu coração!

Prantada no arto da serra

De chão batido de terra

Casinha branca eu vi.

O dono dela, o João

Cabocro bão do sertão

Alí foi que cunhicí.

Do lado da casa uma hortinha

De verdura bem fresquinha

Que inté serve pra infeitá

Inchê de beleza as vista

De quem se achega pur lá.

João de pele crestada

Bem na porta da intrada

Veio me recebê

Pegô na minha mão e disse

Deus bençõe vancê!

Vi num canto o machado

As madera lá do lado

Trabaiada no facão

Me amostrô o carro de boi

As traia... as vara de ferrão...

Mostrô as cangaia, os canzil

Amostrô tomém os cambão.

O carro bem arrumado

Passô nele óio queimado

Vi os côro turcido cás mão

Mi contô o que ele feiz

Da boiada antiga disfeiz

Purque era misturada

Pra formá uma junta nova

Uma junta apariada

Só de boi vermeio agora

Pra no dia da procissão

Carregá Nossa Sinhora!

Entremo lá na cuzinha

De janela azurzinha

E eu fui logo inxergá

A cabaça infeitada

De cipó ornamentada

Cum água pra se tomá.

O café quenti na mesa

Pra mim ele feiz supresa

Uma moda foi cantá.

Pegô intão a viola

Me amostrô cumo ela chora

E ri, nas suas mão.

Cantô cumo se fosse pru mundo

Cantô cum o coração!

Saí de lá tão filiz

Que inté uma promessa eu fiz

De brevimenti vortá.

Cheguei lá na portera

Ainda virei pra oiá

Ele parado na porta

Cum a mão a me acená

Fica cum Deus, meu amigo

É o que fui lhe falá

Aqui Ele fica, cum vancê Ele vai

Fica junto de nóis tudo

Nosso Deus e nosso Pai!

Vortei inrricado de aligria

Abençuado foi o meu dia

E quéssa história pra contá.

Se ocê num acriditá

Um dia passa pur lá

E o João manda chamá!

Tina Oliver
Enviado por Tina Oliver em 08/10/2013
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