NA RUA RIACHUELO ESQUINA COM A MONTESE

As bitucas são as flores que enfeitam os jardins das ruas

As garrafas de cerveja barata são as luminárias apagadas

No nosso percalço, esbarramos em uma aceitação muda

De que essa é a única vida entre essas memórias ralas

Não lembraremos disso amanha, era óbvio que nunca mais nos veríamos

Mas a frenética sanha, que tomou nossos olhares em um magnetismo fatal

Fez pensar por uma centelha de segundo que um ao outro devíamos

Um débito irascível que se amargura na nossa ânsia de beijos, tão cabal

Era nossa noite, um verdadeiro reboliço de festas mal organizadas

Em locais imundos de lama, cigarros e bebidas, nessas calçadas feridas

Andamos perdidos sem uma busca, um objetivo, causa ou ideologia

E assim perdidos os caminhos se cruzam nessa eterna sinestesia

E assim perdidos nos encontramos.

Elias Vilas
Enviado por Elias Vilas em 09/09/2013
Código do texto: T4473409
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