NA RUA RIACHUELO ESQUINA COM A MONTESE
As bitucas são as flores que enfeitam os jardins das ruas
As garrafas de cerveja barata são as luminárias apagadas
No nosso percalço, esbarramos em uma aceitação muda
De que essa é a única vida entre essas memórias ralas
Não lembraremos disso amanha, era óbvio que nunca mais nos veríamos
Mas a frenética sanha, que tomou nossos olhares em um magnetismo fatal
Fez pensar por uma centelha de segundo que um ao outro devíamos
Um débito irascível que se amargura na nossa ânsia de beijos, tão cabal
Era nossa noite, um verdadeiro reboliço de festas mal organizadas
Em locais imundos de lama, cigarros e bebidas, nessas calçadas feridas
Andamos perdidos sem uma busca, um objetivo, causa ou ideologia
E assim perdidos os caminhos se cruzam nessa eterna sinestesia
E assim perdidos nos encontramos.