O BINÓCULO
Debaixo da painêra grande
Nóis num póde descansá
O patrão co tar binócro
Agora deu de vigiá...
Nem na manguêra lá da mina
Onde tem água e sombra boa
Vancê pode se assentá
Que o binócro te afeiçoa!
Esse tar de apareio
Que serve prá armentá
Num trais prá perto o que é longe
As coisa longe vai buscá?
Entonce, se esse apareio é bão,
Porque que o patrão num busca
Adispois do buracão
Uma morena faceira,
Que lhe aqueça o coração!
Prá tê de fio a casa cheia,
Fazê dela a sementêra
E pará com esse apareio
De espiá a vida alheia!