FAMINTO BOI DE CANGALHA
Quando se pensa
Que já se viu de tudo
Ainda falta muito
Para ser ver.
Quando se ver algo
Inespressivo
Há expressivo
Que tende acontecer.
Há um ser sendo ser!
Há um ser racional
Adomando o irracional
De certa forma engraçada
De certa maneira desproporcional.
Mas as vezes o irracional
Parece entender o racional
E aparenta fazer tudo igual
E muito bem proporcional
Como lhe é emanado.
Ainda ontem pela rua
Algo me chamou atenção
Ao olhar para o lado
Vi de supetão!
Parei e olhei mais disfarçado
Tirei a conclusão:
Que não era uma cavalo
Também não era um jegue
Não era uma égua nem um burrão.
Era um boi de cangalha
Que faminto trotava
longe de sua boiada há quarteirão.
Era um boi de cangalha:
Que faminto ruminava
Com dentes fortes trituravam
Alguns bagaços de canas
E outros bagaços de jacas
Sem se importar com nada.
Nem mesmo com os burburinhos
Que existia naquela hora.
Nem mesmo com os traseuntes
Que tão semples passavam.
Nem mesmo para mim
Que bem disfarçado lhe olhava.
Nem mesmo para foto que
De um celular alguém lhe tirava.
JOSÉ ANTONIO S. CRUZ
Salvador-Bahia,04 jun13