FOGU
Quis dá fim em arguns iscrito
A caxa de fósfro peguei
Arrisquei tanto palito
Que cum a caxa eu acabei.
As palavra que eu iscriví
O fogu num quis queimá
Achô que num adivia
tudu em cinza transformá.
Se inxisti o deus do fogu
Ele assoprô cada palito
Só memo pra num queimá
Tudo o que ali tava iscrito.
Nunca vi uma coisa dessa
Desse jeito acontecê
A verdadi das palavra
O fogu querê protegê.
Fiquei parada oiano
Os paper a isperá
O momento que eles ia
De branco, preto ficá.
Adispois de um tempão
Foi que as foia iscureceu
Num alevantô nem fumaça
E nem labareda acendeu
O fogu foi tão respeitoso
Mostrô cunsideração
Cum as letra avermeia de sangue
Do tintero do meu coração!.