VENENO
O Zezé nóis cunhecemo
Quando pras CONTENDA mudemo
Contava pra nóis o papai.
Nesse tempo ele já era famoso
Rapaiz bunito e novo
Cum cavalo de nome VENENO!
Zezé só arrumava briga
Num caricia de intriga
Prá disavença chegá...
VENENO era insinado
Era só gritá “COICE” e o lado
Ele cumeçava a coiciá!
DIREITA e ESQUERDA, ele intindia
Parece inté que mintia
Quem isso ia contá
Se a pulícia aparicia
Ele logo invistia
Num ficava um no lugá!
Quando o trotá no istradão
Paricia uma canção
Daquelas de arripiá
E se via um cavalero de preto
Num cavalo preto avuá
Pudia sabê que era o Zezé
Que invinha briga caçá!
Tamanho memo num tinha
Toda aquela valentia
Era em riba do VENENO
Que pudia lhe sarvá.
Nas festa era só tragédia
Ele puxava as rédia
Pro cavalo rilinchá.
Fazia ele ficá de pé
Fazia rudupiá!
Ele em riba agarrado
Puxava os pau das barraca
Cumeçava adirrubá...
Era genti que gritava
Pulícia que eis chamava
O cavalo a coiciá!
Era tanta cunfusão
Prêle só diversão
Saía a galopiá...
Vorta e meia ele fazia
Essas sua istripulia
E achava tão normá!
Um dia bebeu cachaça
Quis pru povo fazê graça
Arriô o VENENO e saiu...
Foi na casa das muié dama
E inté em riba da cama
Cum VENENO ele subiu!
A festa parô no salão
E tão logo um baruião
Os freguêis foi iscutá...
Um tiro certero, bem dado
Na testa do pobre coitado
Do VENENO foi pará!
Deitô o cavalo morto
Pur riba do pequeno corpo
Do Zezé a istribuchá!
Obrigada POETA Oklima pela interação:
VENENO MORREU? Qui nada!
Foi tudo morte insaiada
pru Zezé baxá o faxo!
Foi tiro de porva cêca
qui nun dá nem inxaquêca,
entra in cima e sai pro baxo!
Condo o pipôco istorô
o VENENO se adeitô
i o tar Zezé, qui num presta,
feis cum coipo nova finta
e passou vermeia tinta
no Veneno, bem na testa!
Cu tiro o povo sumiu.
Entonce o Zezé saiu
di dibaixo do animá.
Isporeou o cavalo e adispois ?
mais eu num falo,
Dona Alcy quem vai contá...