BÔDA DE PRATA

Na fazenda , Nhô Biguá

Uma festa ele ia dá

O povo da redondeza

Todos eis foi cunvidá...

Boda de prata fazia

E cum tamanha aligria

Ia os amigo ajuntá!

A riqueza que mais tinha

Era a dona Mariquinha

Casô cum ela novinha

Vida intera a lhe ajudá!

Na hora marcada as visita

Cumeçaro intão chegá

Zé Borge levô um cabra

Vindo de ôtro lugá...

Quando pegô sua mão

Pras boa vinda lhe dá

Sintiu o seu coração

No peito galopiá.

Um sintimento sem nome

Dessis que num isprica o homi

O seu peito feiz queimá!

Num relance de oiá

Quis dentro deles intrá

No brio das duas luiz

Quis ela se incontrá!

Pensô ele cunhecê

Memo sem nunca lhe vê

Nem nunca seu nome iscutá...

A festança correu sorta

Era aligria... era dança

Tanta gente a cunversá...

Mais a dona Mariquinha

Suspirava ali suzinha

Tentano de argo alembrá...

Dispidiu do povo intão

Mais daquele coração

Num quiria se apartá!

Sintia queimá o rosto

Ferveno no corpo o gosto

Do sangue nas veia andá!

O sono inté disistiu

De querê se achegá

Num havia erva-doce

Nem reza pra acarmá!

O desejo é tortura

Distorce , disistrutura

Madrugada a matutá...

Aquele rosto ela viu

Aquela presença sintiu

Notro mundo... notro lugá!!!

Sintimento de traição

Apertô seu coração

Virge inté de sonhá!

Arapuca do distino

Boda de prata se ino

O sangue a ferviá...

Quem diria que um dia

No seu sonho aparicia

Ôtro rosto pra sonhá!!!

Obrigada POETA Oklima pela interação:

Meu avô sempre mi dixe:

"Cuida da tua muié,

vê si o rabo num espixe

prumode um diabo quarqué!"

Tina Oliver
Enviado por Tina Oliver em 18/04/2013
Reeditado em 14/07/2015
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