AMIZADE SEM IGUÁ !

Zeferino e Zé Batata, amizade sem iguá

Desde piquititinho, os dois a se istimá.

Amizade tão bunita, dos ombro se imprestá,

Na vida nada num teve, os dois a se separá!

Na pobreza cumero junto, o puro arroiz SEM fejão

Na riqueza eis disfrutaro, tudo que havia de bão.

Junto os dois minino creceu

Mais só Zeferino venceu

Memo sem istudá.

Banquero do jogo de bicho

cumeçô a inrricá!

Cunheceu uma mocinha

De fazê homi chorá

Feitiço de amô tomô conta

Quis cum ela se casá.

Logo intão em pocos meis

Ele arresorveu de uma veiz,

Seu sonho realizá!

No dia do seu casório

Tanta gente tava lá

Batata é quem num pudia

Naquele momento fartá.

Tava junto do amigo

Pra aligria aumentá.

No meio daquele gentório

Ninguém por farta foi dá

Da noivinha bunitinha

Que saiu dali quetinha

E cum ôtro foi pru quintá!

Na hora de cortá o bolo

Prus noivo intão festejá,

Percura a noiva daqui...

percura a noiva de lá...

Zeferino pidiu pru amigo

Que ajudasse a campiá

A sua piquena prenda

Cum que ele foi casá.

Vorta pra dento o amigo

Disajeitoso a falá

Que num viu e num sabia

dondi a noiva ia tá.

Zeferino saiu no terrero

e cuma cena foi dá

Viu sua amada bejano

um ôtro no seu lugá.

Quando chamô o seu nome

um vurto no iscuro fugiu

Ele puxô a moça prus braço

e pra dento conduziu.

Cortô o bolo da má sorte

e ali memo ele viu a morte

Os seus sonho vim buscá!

Num teve lua de mel,

os dois junto num durmiu

De manhã, logo cedinho

andano nas rua suzinho

Zeferino ansim se viu.

Só passado muitos méis

é que foi a primera veiz

Que ele cum ela buliu!

A triste constatação

moça virge num era não

A prenda do seu coração.

Daquele dia por diante

cumeçô ele a bebê

A riqueza que ajuntô

cumeçô pô a perdê

Casa cheia de amigo

cartiado noite a vará

O dinhero só saino

conta de jogo a pagá.

Era bibida e mais jogo

festança a riviria

O que ela num gostava

era o que ele fazia.

Dispensô as impregada

dexô de cum ela falá

Nela ele num batia

mais feiz dôto jeito pagá.

Ela que foi seu amô

que sua aligria matô

Disse adeus praquela vida

foi-se imbora, lhe dexô!

Quem inxugô as amargura

sigurô as disventura

E nunca contô o que viu

Foi o amigo Batata

que inté aquela data

De perto nunca saiu.

A vida disgringolava

ele memo só oiava

Oiava sem nada querê...

Inté nas suas noitada

pensava na eis amada

Nem amô cunsiguia fazê!

A cachaça e a doença

robô dele toda a crença

Em dia mió por vim.

Ele foi definhano aos pôco

sem distino e quaji loco

Brevemente foi seu fim.

Morreu Zeferino pobre

homi bão, de arma nobre

Que da vida disgostô.

Na hora de sê interrado

trançano as perna chegô

Arguém que oiano o difunto

chorano muito falô:

Truxe minhas mão, meu amigo

pra arça do caxão sigurá

Pra tua úrtima morada

elas vão te carregá.

Era ele, num era ôtro

que tinha chegado lá,

Era ele, o Batata

que chegô na hora exata

Pru amigo interrá!

Tina Oliver
Enviado por Tina Oliver em 17/04/2013
Reeditado em 15/07/2020
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