LUBISOMI

Diz o povo que é o Marcelo

Moradô lá do Marmelo

O lubisomi daqui...

Nas noite de lua cheia

A gente inté se arrepeia

Tem medo inté de saí!

Quem óia prêle já vê

Os pelo do corpo crescê

As feição disfigurá...

Ele corre pra dento do mato

E oiano a lua no arto

Ele cumeça a uivá!

Nos denti trais os fiapo

Das coisa pega no mato

Das caça que feiz por lá!

As unha suja que vem

Inté barro dibaxo tem

De tantu o chão arranhá!

Traiz o corpo bem marcado

Dos ispinho intrelaçado

Dos arranha-gato isfregá!

As criança sai correno

Já chorano, só se veno

Ele na istrada passá!

Diz que é a mardição

Do benzedô sô Antão

Por conta da sua paxão

Pamodi a Dinorá!

Ela num quis ele não

Foi se deitá cum Simião

O seu amô comprová!

Oiano o céu tão bunito

Lua cheia no infinito

Antão prometeu se vingá...

Se ocê enchê o bucho

Se teu fio num fô um bruxo

Lubisomi há de virá

Pra ansim a vida intera

Ocê de mim se alembrá!

Acendeu uma vela preta

Ofereceu pro capeta

E cumeçô a rezá...

Dinorá oiô pru céu

Das lágrima puxô o véu

Que os zóio veio imbaçá.

Viu São Jorge tão vermeio

No refrexo do ispeio

Da luz do seu oiá!

Meu santo vê se ocê póde

Na lua se ispremê

Nas nove lua que vem

A cheia num parecê!

Os meis foi se passano

As lua ino e vortano

A criança pra nascê...

Nove lua cumpretô

A cheia no céu dispontô

Quaji quereno istorá!

Meia noite intão bateu

A borsa d´agua rompeu

Pra criança ispursá.

O minino que naceu

Nem um chorinho num deu

Já cumeçô a uivá!!!

Tina Oliver
Enviado por Tina Oliver em 16/04/2013
Reeditado em 15/07/2020
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