A SINA DE MARVINO

Na hora da Virge Maria

Cumeçano iscurecê o dia

Lá do mato nóis ovia

Muitus e muitus gemê

Diz o povo que é o véio Marvino

Que geme pra agradecê

A Virge Mãe nessa hora

Que incurtô o seu sofrê.

Num gostava de coisa errada

Num mintia pra ninguém

Sua força era invejada

Sua leardade tamém!

O boi do patrão foi morto

Pelo próprio seu irmão

Pur ruindeza e marvadeza

E pur crué coração.

Marvino que viu a cena

Os zóio arregalô

Veno caído no chão

O tôro reprodutô!

Se meu irmão subé disso

E eu vié a sabê

Eu corto sua lingua, homi

Nada mais cê vai dizê!

Em casa o patrão chamô

Marvino vem inté aqui

Põe junto a Gaúcha cum Belo

Pras cria pura saí!

Belo se foi, meu patrão

Eu memo interrei lá no chão

O toro morto cás mão

Do crué do seu irmão!

E num passô muitas hora

Do cumprimento havê

In antis memo das seis hora

Marvino tamém foi morrê.

Foi pego numa imboscda

Cinco homi lhe agarrô

As mão teve amarrada

Sua língua eis cortô

Oiano pro céu numa nuve

Viu a santa aparecê

Em pensamento pidiu

Alivia o meu sofrê!

Os boi que pastava quetinho

De repenti se assustô

Marvino pulô na frente

Sua cabeça ismigaiô.

A boiada istorada

Muito longe é que parô

Marvino morto que tava

Só ele na istrada ficô!

Diz o povo que foi a Santa

Que a boiada istorô

Pra livrá do sufrimento

Marvino, ela levô!

Tina Oliver
Enviado por Tina Oliver em 15/04/2013
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