LEMBRANÇA
A carroça do leitero
Tem pra mim o memo chero
Da carroça do papai.
Nóis num tinha impregado
Nóis memo ordenhava o gado
E o leite ia intregá.
Meia Lua era leitera
Sempre ela a primera
Que vinha pra ordenhá.
Eu mostrava uma ispiga
Lá invinha a vaca amiga
Dexá seu leite eu tirá!
Nóis inchia os latão
As garrafa e os garrafão
Prus fregueis ia intregá.
Coquinho puxava a carroça
Levava nóis lá da roça
Inté a venda do Zé.
Meus irmão brincano na frente
Eis memo intregava os leite
Correno um tanto a pé.
Tudo era diversão
Inté memo os caminhão
Jogano puera na gente!
Nos buraco da istrada
A carroça arrebolava
Ino pra lá e pra cá.
As veiz os leite vazava
Adispois que nóis vortava
Inda tinha que alimpá.
O chero incalacrava
Em cada tauba que oiava
Água tinha que jogá!
Antes de sortá o Coquinho
Ia qüele no açudinho
Pamodi um banho lhe dá!
Ele custumado que tava
Parece inté que isperava
Pra adispois se í pastá!
A gente correno saía
Lá pru Campinho nóis ia
Antão já pudia í brincá!
Crescemo e dexemo a roça
E num há nada que possa
Fazê o tempo vortá.
A carroça ainda inxiste
Se alembrá me dexa eu triste
Pois papai num tá mais lá!.
Obrigada POETA Oklima pela interação:
Ais veis eu sonho ca roça,
sonho correno a carroça
pelos buraco da tria.
Sonho as vaca no ceicado,
alembro o leite e o fiado,
fazendo fé nas famia.
Sonho o pai, todo contente,
abancado no batente,
adoentado dos pé,
fazeno as conta cá gente,
dando uns troco de presente,
aos fiado dano fé.
Um sonho rim do passado:
meu pai na cama acamado,
sem butina, sem chapeu.
No sonho daquele dia,
vi o pai condo subia
numa nuve para o céu...