ESTÓRIA DE SINHAZINHA

No casório de Nhô Zequinha

O carro de boi lá invinha

Trazeno os noivo de pé.

Era promessa de Sinhazinha

Rodá istrada interinha

Cum a imagi de São José.

Devota que era do santo

Feiz seu vistido inguar o manto

Do santo que tinha fé!

Oiava o povo na istrada

Pra todos eis acenava

Lovano São José!

Eu de banda acumpanhano

Os boi que ia andano

Cum passo de num querê í.

Eita que o carro cantava

Eu inté se arripiava

Do canto bunito oví!

Na reta do ispinhero

Já dava pras vista vê

A casa lá da fazenda

Dondi os dois ia vivê.

Chegano na porta da casa

Nhô Zequinha apiô

Pegano a noiva nos braço

Pra dentro de casa levô.

A imagi nas mão da moça

Cum ela tamém entrô

E do lado de sua cama

Foi dondi a imagi ficô.

Artas hora da madrugada

Tempestadi disabô

Um raio bem nessa hora

O casar de noivo acertô.

Os dois corpo que durmia

Do sono num acordô

U nóis bem que se viu

Cumo eis disfigurô.

Tanta coisa adistruída

O ispeio istilhaçô

O santo ficô intero

E a morte os dois levô!

Fazeno o caminho de vorta

Sinhazinha agora morta

No carro que veio, vortô!

O rangê dele se ino

Num era inguar quando vino

Cum Sinhazinha em pé.

Ela agora vai deitada

Pra sua úrtima morada

Cum sua imagi de fé!

Por isso o cantá bunito

Do carro de boi cessô

Cantô um canto isquisito

Prum amô que terminô!

Tina Oliver
Enviado por Tina Oliver em 26/03/2013
Reeditado em 06/01/2018
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