Do meu livro Versos & Reversos - p 1

O RAIO DA C I L I B R I N A !

Sou o avesso do avesso

O raio da c i l i b r i n a

Me criei la nas campinas

Correndo atras de gado

Cedo peguei no arado

C a r p i n a v a tangi boi

Assim minha infância foi

Nas brenha lá do cerrado

Amansei cavalo brado

Burro, jumento pá mode

Cambitá tijolo e teia

Carregava da aldeia

Que tinha no pé da serra

Passava no m e i das guerra

De badoque que faziam

A molecada que' havia

Lá no cerrote do vento

Escanchado n'um jumento

Pastorei carneiro e bode

Ovelha vaca e peru

Na sombra de' um mulungu

Quando o Sol tava queimando

Logo eu ia me' encostando

Com as mãos cavava cacimba

Pra poder encontra água

A p o i s a sede era braba

Lá naquela região

Era assim lá no sertão

Da donde a gente morava

A minha infância assim foi

Labutei desde menino

E mesmo sendo franzino

Topava qualquer parada

Pernoitava nas estrada

Mirando a Lua no céu

Pensamento indo ao léu

Divagava sem limite

Sempre fui contra o alvitre

De quem machucava gente

Do sertão trago a semente

Da macambira e o facheiro

Da casca do pau pereiro

Trago comigo o amargo

Do bem bom passei de largo

Nunca conheci moleza

Aprendi com a Natureza

Não acatar desagravo.