HONRA DE CAÍPIRA
Quem tivé fia sortêra
Num devi di discuidá
Pur causu do Pedernêra
Qui faiz ela ingravidá.
Amarri sua cabrita
Qui o bodi já anda sorto
O isporti queli pratica
Podi inté dexá um morto.
Eli disonrô Rosinha
Lá na mata do Fundão,
E dexô a pobrezinha
Cum inormi barrigão.
O pai dela oferece
A quem nutiça truxé
Do safadu mequetrefe
Qui feiz sua fia muié.
O prêmio é um roçadu
Um cavalu e uma carroça,
Pra trazê o disgraçadu
Pra frenti da sua paióça.
Eu subi qui o disgramado
Tá pras banda de Itanhém
Já feiz fii pra todu lado
I nun casa cum ninguém.
O prêmio podi aumentá
É o pai dela qui agaranti,
Quem Pedernêra castrá
Pra num fazê mais gestanti.
A poetisa Meriam Lazaro veio interceder pelo fazedor de grávidas. Vejamos:
09/01/2013 23:45 - meriam lazaro
Não basta só dar um nó?!...
Tem que castrar o coitado,
passar pimenta e jiló
com urtiga do cerrado?
rss...
Abraço,
Meriam
Meu cumpadi Airam Ribeiro, moradô em Itanhem, cumpareceu pramodi dizê qui o trabaio tá feito. Pedernêra num vai mais fazê mal pra ninguém, leiam seu cordel.
10/01/2013 12:01 - Airam Ribeiro
NO DIA QUE CASTREI PEDERNÊRA
No dia qui castrei Pedernêra
Saí dipréça correno
Pra atendê seu recado
Quando li a sua trova
Já fiquei discunfiado
De um cabra qui aqui xegô
E uma donzela deflorô
Fui cunhecê o safado.
Já tava no mato iscondeno
Quando eu xeguei pur dirtráis
Cum as corda fui amarrano
Aquele safado rapaiz
Despois dele amarrado
Fiz de um ômi inraivado
Infrentei o capátaiz.
Preguntei intão ocê
Vei da mata du fundão
Dizonrô dona Rozinha
Muié de bom coração
Ocê é um disgraçado
Inté um pobri coitiado
Qui naçeu sem coração.
Viu seu Perdenêra
Tem um prêmio pra quem li castrá!
Já qui tu ta marrado
Seus cunhão eu vô tirá
Pois aqui na Bahia
Safado num tem aligria
Cê deu azá di vim cá.
Ocê ta mutio falado
Pur êci Brazí brazilêro
Foi néça úrtima cidade
Qui ocê xegô intero
Pode rezá pra sua santinha
Inquanto afio a faquinha
Na peda do piquizêro.
O ômi suava tanto
Gritava pur nosso Sinhô
Num tira meus ovo não
Min faiz este favô!
Quando tu tava lá no canto
Dexano as moça in pranto
Disso cê num alembrô.
Cumeçei cortá os ovo
Cum aquela faquinha gróça
Cada taio qui eu dava
Alembrava da carroça
E do cavalo qui eu ia ganhá
Já cumeçava a soinhá
Cum as lavôra la da róça.
Tu inda força as donzela?
Ancim eu li preguntava
Inquanto um dus ovo
Na minha mão já cigurava
O outro cumecei cortá
Quando vi eli xorá
Mais niuma lágrima rolava.
Cortei o outro ovu
Qui a capanga ficô vazia
Agora nóis temo um cazu
Cê vai sintí agunia
Agora vô cortá seu pinto
Nium remorço eu sinto
Só lembrano das pobri famia.
Inconto tô custurano
Éça capanga de ocê
Vô botá sá e pementa
Só pra vê ocê gemê
E Perdenêra os dente rangia
Inquanto os butão da braguia
Eu cortava pras carça deçê.
Foi a ora de cortá o pinto
Cum uma giletinha amolada.
Quando dei o premêro corti
Só vi sangui da guinxada
No segundo taio intão
A curnixa caiu nu xão
Fico Perdenêra sem nada.
E pra frente da paióça
Lá no istado de Goiáis.
Intreguei aquele safado
Qui martratô muitios pais
Intreguei os ovos cortado
E trouxi pro meu istado
As nutíças pros jornais.
Mana Milla troxi um causu verdadêru qui si assussedeu lá pras banda di Minas. Vejam u causu:
U CAUSU DA FÍA DU DIRCEU
Cumádi, issu acunticeu
lá pras banda du sertão
Foi cum a fia do Dirceu
Dizonrada pur Juão.
Dirceu era um fazenderu
muito rico e vaidosu.
Teve dois fio primero
e da fía era zeloso.
Chiquinha era seu nome
muito bunita e facera.
Num cunheceu ninhum ômi
mai era interessêra.
Lia as fotunovela
iscondida di seu pai.
Dava uma coisa nela
cuano via um beijo... Ai!
Um dia, chegô na roça,
pra trabaiá na lavora,
um moço bunito, nossa!
U coração quaiz istoura!
Chiquinha si apaxonô
pelo moço da cidade.
I logo, logo intregô
toda a sua castidade.
Juão, tempo num perdeu,
i ingravidô Chiquinha.
A fía di seu Dirceu
Virô mãe, a coitadinha!
Dirceu muntô nu cavalo,
foi percurá u rapaiz.
Mai u moço, nu resvalo,
dexô u rastro pra traiz!
U tempo rodou completo
e u minino cresceu.
Ôji ele é u predileto
do véio avô, o Dirceu!
Chiquinha caiu na vida,
faiz sucesso nu bordéu.
Pelo pai absorvida,
é filiz, sem escarcéu!
(Milla Pereira)
Maninha, to aqui morrendo de dar risada com as histórias contadas por vc, Meriam e cumpádi Airam. Parabéns a todos.
deixo o meu causu que conticeu di verdade, lá pras banda do sertão onde eu morava...
Beijos,
Milla
O querido poeta Jacó Filho veio participar desta rodada divertida. Obrigada, poeta, sua presença é sempre motivo de alegria para mim.
14/01/2013 17:27 - Jacó Filho
No Nordeste é normal,
E todo mundo já sabe.
Mexeu cum moça, o final,
É qui a força, se case.
Ou então fugir correno,
Pra num acabar morreno,
Depois a primeira fase...
Parabéns!
E que Deus nos abençoe e nos ilumine... Sempre...