O sapo-cururu

No quintar da dona Serma

Tinha um inooorme cururu;

Qui iscapô d’uma cisterna,

Co’os zoinho — jururu.

Trupicava nas manguêra,

Dibaixo das caixa-d’água;

Tentando i pras pintanguêra,

P’ra iscapá das tromba-d’água.

Dona Serma num intendia

O qui istava acontecendo;

Vê um sapo ao meio-dia,

Nesse inorme sofrimento.

Deu u’a oiada na sua boca,

Viu qui istava custurada;

E sua fia... — quase lôca,

Bateu os pé na disparada!

Foi correndo ao telefone,

P’ra chamá o seu Agenor...

Parecia um gramofone,

P’ra expricá o seu pavor...

Gaguejava ao protetô,

Co’a sua Nona, já sem fala;

Qui arrumasse um benfeitô,

P’ra ispantá o sapo da sala.

Levaro o gato ao banhêro,

P’ra morde ficá iscondido;

Di longe si ouvia o berrêro,

Com medo do tar incardido.

Despois fôro as trêis pra rua,

Pidindo quarquer ajuda;

Pois num era farcatrua,

Nem mintira cabiluda.

Jogaro um pinico nele;

E o danado si iscondeu

Nu’a bacia, qui era dele,

Si infronhando nos pneu.

Vendo todo esse tormento,

Seu Agenor ficô nervoso;

E pediu, nesse momento,

Num mexê co’o indecoroso!

Mais ficaro muito atento —

Para o bicho num iscapá;

Vendo aquele bolorento,

— Sartitá pra lá e pra cá.

Isperaro o tempo certo,

P’ra podê pegá o bicho;

Tentando ficá incoberto,

No meio dos carrapicho.

Quando o sapo deu bobêra,

Já pularo — qui nem gato,

Sobre aquela ispirradêra,

Como fáiz — gato-do-mato.

Pusero o sapo num saco

E levaro ao capinzá;

Lá, jogaro num buraco

E ajuelharo p’ra rezá!...

Despois desse isbaforido...,

Uma vóiz si ouviu na mata:

— “Dona Serma, isso é macumba,

Qui mandaro ao seu marido;

Pois, fizero essa bravata —

P’ra levá pras catacumba!”

Pacco

Pacco
Enviado por Pacco em 16/10/2012
Reeditado em 25/10/2012
Código do texto: T3936233
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