Aos versos e reversos
Plantei o bem-te-amo,
perto do bem-te-amei,
amei enquanto pude,
quando não pude, eu deixei.
Plantei meu alecrim,
na manjarra do engenho,
e se o alecrim "pegar",
meu amor pega também.
Papagaio perdeu a pena,
na lavoura de café,
e também perdi o tempo,
de amar quem não me quer.
Açucena quando nasce,
toma conta do jardim,
e também to a procura,
de quem toma conta de mim.
Andorinha do coqueiro,
dá-me novas de meu bem,
se está morto ou se está vivo,
ou se está nos braços de alguém.
Lá no alto daquela serra,
passa boi, passa boi boiada,
também a moreninha,
de cabelos cacheados.
Alecrim verde, ele cheira,
ele seco, cheira mais,
o amor que me viu hoje,
amanhã não me vê mais.
Alecrim na beira d'água,
manjerona no canteiro,
nunca vi mulher casada,
namorar homem solteiro.
Se eu contigo tenho amor,
não é da conta de ninguém,
quanto mais o povo fala,
mais amor contigo tenho.
Cravo roxo protetor,
capitão de toda flor,
todo mundo tem inveja,
eu contigo tenho amor.
Vou embora lá pro Norte,
e vou plantar café "marelo",
se não for pra eu casar,
namorar também não quero!
Alecrim arruda arruda,
arruda não dá semente,
o que é que vale ter amor,
longe da vista da gente.
(Fiz esses versos com ajuda de minha mãe. Segundo ela, cantavam-se esses versos em meio às danças regionais, em bailes na juventude dela. Sempre dançando e outros repetindo, como uma "provocação" boa uns com outros. Não sei como se classifica, mas coloquei Poesias Regionais Caipira.)