VIOLEIROS
 
 
Cabocla, empresta-me teus negros olhos
e teus pezinhos tortos, nessa contradança.
É noite pontilhada de sonhos
e de estrelas que vou te ofertar.
Deixa- me enxergar o caminho das raízes fortes de além-mar,
pois vivo já sem esperança,sem vida mansa,ao Deus dará.
 
Vou entoar uma catira,na Folia de Reis ,lá no Pará...
Cabocla,és nordestina,tens na tua sina o dom de lutar.
Acende uma fogueira grande que é prá mode nóis começá....
Cabocla dos olhos fundos,da pele macia,vou te beijar.
Com minha viola na roda, será que um dia vais me olhá?
Espera-me lá da janela,que eu chego cantando quando serená,
deixando teu seio à mostra, miragem doce à me enfeitiçar...
 
Quiçá  me olhes  um   dia ,com  minha viola a te convidar
dedilhando tantos  desejos 
na raiz da musica que te dedicar...
 
No céu tem anjo escarlate dizendo amem pro meu cantar,
na terra tem tanta pressa,que mal escutam o que eu sei tocar...
Carrego minhas raízes no  alaúde do meu penar
compondo  esse canto triste que é minha forma de protestar.
 
Mas no meio da cantiga existe um solo manso prá me apaixonar,
minha cabocla de trança longa não sabes o tanto que eu sei  te  amar.
Só sei que quando me vejo preso,sem fé ou esperança no mundo de cá
é essa minha viola cabocla que me ensina o caminho de respirar.
 
Cabocla, mulher de fibra,vou pedir tua mão prá mode eu casá,
eu sei que és brasileira da mão calejada de guerrear.
Eu sou só  um violeiro,mas sei bem o que é chorar
e creio que ser brasileiro
é ter esteio,
viver lutando,
sem fraquejar.
  
 
                  MARCIA  TIGANI_SETEMBRO  2011
 
                    BELO  E  DOCE    DOMINGO   PARA  TI!
MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 01/04/2012
Reeditado em 16/06/2012
Código do texto: T3587601