Matuto

MATUTO

Sô do mato

Feitio um carrapato

Mais num saio do sertão...

Sô Jiquitibá

Cerne de Aruêra

Pesco na corredêra

E iscondo no capão

Óia Moço!

Sô ave de rapina

Sô mandacaru

Sô o sertão que insina

Ao pensamento nu

Sõ nôte inluarada

Sô o canto da cachuêra

Sô o gado na invernada

A gatio da cartuchêra

Sô o arforje e a bainha

Do suó o sal

Da reza a ladainha

E a ponta do punhal

Sô a curva do rio

E os mistéro do sertão

A criação no cio

E o corte do facão

Sô labareda ao vento

E a corrdêra a cantar

O encanto da passarada

Sô a noite de luar

Quando a tristeza me amola

Eu pego a viola

E faço uma canção

Sô aranha

Sô a teia

Nada me receia

Alumio cum a Candeia

Quando tô na iscuridão

Escuita Seu Moço!

Im minhas andança

Já lidei cum burro brabo

Já tirei lête na onça

E peguei cobra pelo rabo

Já vi coisa dôto mundo

Que inté consome o sono

Vi o Remundo dizeno

Que lidô cum o lubisome

E ele nunha prosa astuta

Pidiu uma cachaça e tomô

E eu caladim na iscuita

E ele essa istóra contô:

Tingadas Gerais

Mestre Tinga das Gerais
Enviado por Mestre Tinga das Gerais em 30/03/2012
Reeditado em 05/03/2018
Código do texto: T3585287
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.