PRESENTE SERTANEJO

Meu caro papai Noé,

Nessa noite de Natá,

Sem lápis e sem papé,

Eu quero a ti me achegá

Junto com minha muié

Pra pedir pra tu nos dá

Quarqué coisa que pudé

E possa, a nós, ajudá.

Letrado a gente num é,

Mas aqui pra se morá

Basta lutá e tê fé,

Com alento se apoiá

No Pai, Fio e Mãe-muié,

A quem perdão a rezá

Nós rogamo mêrmo em pé

Por em tu acreditá.

Não é porque a gente qué,

Mas é pela dó que dá

Dos bichim feito lelé

Sempre, sempre a ispiculá,

Querendo arranjá um pé

Pro que nós só viu falá:

Rena, trenó, chaminé,

Presente quando acordá.

Nambu, bode, caboré,

Vaca, porco, carcará,

Galinha, touro, guiné,

Vestir, comê, trabaiá

E, mêrmo de nome Zé,

Ser honesto e num robá.

Foi assim que sem má-fé

Nossos pai pôde ensiná.

Por isso papai Noé,

Como tu pode notá,

Uma coisinha quarqué

Pros meninos se alegrá,

É somente o que nós qué

Pr’eles pudê creditá

Que criança pode sonhá

Quant’inocênça tivé.

JOSÉ SOUSA
Enviado por JOSÉ SOUSA em 24/12/2011
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