COISAS CÁ DE *NOIS

 

Eu sou o cabo da enxada
Sou o tum tum do pilão

Sou cerca mau arrumada
Sou quebradas do sertão
Sou pássaros em revoadas
Sou o aperto de mão.

Sou orvalho pequenino
Deixado nas madrugadas
Sou o apelo clemente
Da moça velha encalhada,
Sou o vergel das campinas
Deixado pela a invernada.

Eu sou o chapéu surrado
Do penado agricultor,

Que quando o corpo suado
Lhe servo de abanador,
Sou o lirismo das aves
Proliferando o amor.

Sou Juazeiro frondoso
Que faz sombra no sertão

Café torrado no caco
Sou o capucho do algodão,
Eu sou a folha cheirosa
Da planta manjericão

Sou a tapera de barro
Em escombro no sertão,

Sou quadro envelhecido
Do padre Cicero Romão
Sou benditos bem cantado
Pro santo Frei Damião

Sou o cavalo adestrado
A conduzir o patrão,

Sou o golpe do machado,
Sou o afiado facão,
Sou o grito da natureza
Pedindo por proteção.

 

 

 

 

VanPoeta
Enviado por VanPoeta em 26/09/2011
Reeditado em 27/09/2011
Código do texto: T3241699
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