COISAS CÁ DE *NOIS
Eu sou o cabo da enxada
Sou o tum tum do pilão
Sou cerca mau arrumada
Sou quebradas do sertão
Sou pássaros em revoadas
Sou o aperto de mão.
Sou orvalho pequenino
Deixado nas madrugadas
Sou o apelo clemente
Da moça velha encalhada,
Sou o vergel das campinas
Deixado pela a invernada.
Eu sou o chapéu surrado
Do penado agricultor,
Que quando o corpo suado
Lhe servo de abanador,
Sou o lirismo das aves
Proliferando o amor.
Sou Juazeiro frondoso
Que faz sombra no sertão
Café torrado no caco
Sou o capucho do algodão,
Eu sou a folha cheirosa
Da planta manjericão
Sou a tapera de barro
Em escombro no sertão,
Sou quadro envelhecido
Do padre Cicero Romão
Sou benditos bem cantado
Pro santo Frei Damião
Sou o cavalo adestrado
A conduzir o patrão,
Sou o golpe do machado,
Sou o afiado facão,
Sou o grito da natureza
Pedindo por proteção.