ÓIA AQUI PRO MEU OIÁ

Vem cá minha cumpanhera,

Senta aqui pra mode nóis proseá.

Outrora que nóis casemo

nem dá tempo pra conversá.

Senta aqui minha muié,

Vem cá pra eu te oiá,

As ruga derrubaram tua beleza

Na dureza desse lugá.

Senta minha cumpanhera,

Óia aqui pro meu oiá,

Minha barba tá branquinha,

Nem vimo o tempo passá.

A fiarada tá tudo grande,

pra cidade foi estudá.

Num sei se lembra da gente,

e da beleza desse lugá.

Ocê é minha cumpanhera,

nunca quis me abandoná.

E eu nunca me encorajei

de abandoná esse lugá.

Aqui finquei as raíz

da vida que eu quis levá.

Se nóis fô pra cidade grande,

lá nóis vamo assustá.

Tem tanto barulhu

que nem escuta o sabiá.

Todo mundo quer robá,

se não roba que matá.

Nóis aqui vamo vivê,

até o dia que Deus Chamá.

SILVIA TREVISANI
Enviado por SILVIA TREVISANI em 16/09/2011
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