Certa Vez uma Valsa na Comunidade

Novembro de 2003

Escuta, querida

Que vou te ensiná

Passinho pro lado

Passinho pra cá

Teu pai me vigia

Cum olho dali

Repara se eu fico

Se eu fico a bulí

Escuta, donzela

Respira então

Pertinho de mim

Bate um coração

Aperta teus dedos

Nos meus dedos vem

Que eu sinto, menina

Um lhe querer bem

Escuta, seu moço

Afasta teu peito

Num fala tal coisa

Me deixa sem jeito

Repara o meu pai

Que a cara tá feia

Me pega em namoro

Eu fico na peia

Escuta, seu homi

Até que lhe quero

Mas beijo na boca

Só em caso sério

Afasta tua fala

De perto do ouvido

Que fico sem graça

Seu grande atrivido

Pois olha, menina

Eu vou te contá

Que modo dirfíci

De te conquistá

Mas vale a pena

Menina prendada

Que vou te chamá

Minha namorada

Depois eu te pego

Da casa do pai

E mesmo pergunto:

Será que tu vai?

Eu faço uma casa

Madeira de fé

Te trato rainha

Te faço mulhé

Ispia, muleque

Que tô ti ouvindo

To só reparano

Teu jeito metidu

E chispa daqui

Pra fora e já

Que mandu dipressa

Dipressa capá

Perdoa, seu homi

Num faço mais issu

Num quiria tê

Nenhum rebuliço

Mais posso pedir

A mão da donzela?

Qui acho formosa

Qui acho tão bela!

Só podi casório

Quer queira, quer não

Se é homi di fatu

Di calo na mão

Eu mostro meu calo

Sou moço de bem

Não sou vagabundo

Reclama ninguém

Vem cá meu maridu

Pro cantu da festa

A filha, já moça

O rapaz bem presta

Tu diz desse jeito

Tu podis sabê?

Como é qui tu sabi?

Me lembra você...

Teu jeitu mi agrada

Eu vou permití

Mas ficu di olho

Num pode bulí

Brigada, paizinho

Do moço eu gosto

Eu fico quietinha

Num causo desgosto

E vamu dançando

Teu pai já deixou

Que homi tão brabu

Até mi assustou

Dançando nós vamu

A vela apagou?

Depressa, aproveita!

Um beijo tascou...