Chapéu de palha
Meu chapéu de palha velho,
Não impressiona ninguém.
É porque não imaginas
A serventia que ele tem.
Com esse chapéu eu já
Enfrentei grandes roçadas.
Ele sempre foi um grande
Companheiro nas estradas.
No sertão por onde eu ia
Ele comigo estava.
Me protegendo do sol,
Sozinho não me deixava.
Só restou triste lembrança
Que hoje carrego comigo.
Dos dias de aventura
Que passei junto contigo.
Nas comitivas da vida
Também muita cavalgada.
Indo atrás de vaca braba,
Boi valente na invernada.
Sempre estava comigo,
A espora e meu berrante.
Cortando estrada e poeira
No meu bom cavalo errante.
Como eu pude deixar
Que a muié o jogasse fora
Por isso é que hoje em dia
A minh’alma fraca chora.
Sem parceiro para a lida
Eu fiquei na solidão.
Fiquei sozinho na vida,
Agora eu não sou mais peão.