O BOM USO DA TRISTEZA...

Adispois de tanto tempo

distante do meu sertão

aqui de vorta me encontro

mode repará a prantação.

Má homi de Deus!

O que foi que ocês fizero

do verde do meu chão?

Tudo agora é só cinza

é feio feito um tufão.

O riozinho corria ligêro

e por dimais incantava

os zóio desse minêro.

O que vejo hoje aqui

fez de mim um véio triste

de sabê que o homi insiste

em martratá o meu terrero.

Meu terrero é esse chão

onde léguas caminhei

visitando os passarim

e matando a minha sede

no rio sempre limpim.

Má rio já num tem mais

a prantação mingô e virô pó

e os zóio desse véio

agora chora de fazê dó.

Mas a terra há de aceitá

as lágrima da minha tristeza,

ei de derramá uma a uma,

de arguma coisa servirá, tenho certeza.

As lágrima do véio já é pôca

má delas vô irrigá o meu chão

se o que incontrei de vorta

fez de mim um homi triste

vô fazê bom uso disso

pra dá vida pro sertão...

Aninha viola
Enviado por Aninha viola em 01/07/2011
Reeditado em 06/07/2013
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