MINHA TAPERA
Minha tapera
Minha tapera é de barro e cipó.
É lugá de home só.
A solidão da tapera ta acabano comigo,
Isso ieu num desejo pro meu pió inimigo.
Mais a minha tapera ieu num troco por nada.
Ieu custei pra cunsegui,
Foi na luta, foi no cabo da inxada.
Minha tapera num é grande, é simplizinha.
Tem lugá pra se senta, se deitá e inté um-a cozinha.
Minha tapera é feita de pau-a-pique,
Coberta com sapé.
Mas tem dono viu, num é de um quarqué.
Minha tapera é o meu mundão,
Ninguém se atreva de intrá sem sê cunvidado não.
Pra defendê minha tapera dos porquera,
Quem fala arto é a cartuchera.
Em vorta da minha tapera,
A horta cresce vistosa,
Tem cavalo, cachorro, cavalo e inté a mimosa.
Na horta em vorta da minha tapera, tem cove,
Chicóra e cebolinha.
Quiabo, alface e salsinha.
Tem tomém cenora, batata e agrião.
Jiló, mostarda e cada mandiocão.
Na minha tapera luz num alumêia,
Mais o lampião tudo crareia.
Na minha tapera num tem cadiado nem fechadura,
Mais da pra se protegê direitim das chuva.
Minha tapera não fica longe de nada,
Daqui inté lá é só um-a caminhada.
Mais ou meno uma légua de burro,
Fica pertim de tudo.
Tem lugá pra mais um morá,
Ocê quereno dona Muié, pode vim pra cá.
Minha tapera num tem as parede pintadas,
A vida dura do dia-a-dia é no cabo da enxada.
Pra faze uma boa coieta, demora nóis espera.
Mais sê feliz é na minha tapera.