Cigarro de Paia ( palha )

Marcos Moreno / Ibitinga

Aquele velho roceiro logo após o seu almoço

Preparava o cigarro de palha de modo artesanal

Picava cuidadosamente o pedaço de fumo

Enrolava na palha e com a binga acendia o tal

Água da minha boca saía aos montes

Uma tremenda vontade de ter aquela obra de arte

Certa feita escolhi uma palha aveludada

Deixei separada para utilizá-la no final da tarde

Porém, o desejo acabou falando mais alto

Logo após a refeição encostei no amigo roceiro

Tomei emprestado o canivete e o fumo

E lá fui eu preparar o meu cigarro primeiro

Saboreei como uma criança que ganha um sorvete

Acendi o “ paieiro “ e em pensamento caí na estrada

Ainda me lembro que pediram alguns cuidados

Porém não deu tempo e eu dei uma baita tragada

Uma bola de fogo desceu rasgando o meu peito

A dor de cabeça durante o dia se tornou companheira

Acabou a vontade, a ansiedade, nunca mais levei jeito

Cigarro de palha só lembro daquela vez primeira

Cigarro de Paia ( palha )

Marcos Moreno / Ibitinga