Pobre sertanejo

Óio p'ra terra chorano

Triste cum tanta dô

A seca tudo matano

Só puera e pó restô.

Já morreu meu cavalo

Minha vaquinha quirida

A fulô só restô o talo

Nessa seca que castiga.

Desso o morro num soluço

Óio a cacimba sem água

Caio chorano dibruço

Cum peito cheiim de mágoa.

Acendo um cigarro de paia

Fumano cum tanto prazer

E vou a vendinha de Naia

Cum uns gole tentá isquecer...

...Dos fios chorano de fome

Sem água, agasaio, nem luz

Triste pranto me consume

Como pesa a minha cruiz.

Tristonho vorto p'ra casa

Cum a alma em disispero

Os óios de água arrasa

Deste pobre sertanejo.

Roberval Andrade Carvalho
Enviado por Roberval Andrade Carvalho em 08/04/2011
Reeditado em 08/04/2011
Código do texto: T2896614