MATUTANDO
quando as ideias embaralham
em minha cabeça
pego sem pressa
o canivete corneta
que meu avô me deu...
nestas horas troco a caneta
pelo fumo de rolo
e o enrolo em palha de milho
depois de picá-lo
devagarinho devagarinho...
faço isso sozinho
pois com gente do lado
os pensamentos não tomam tento
e assim sendo ou sendo assim
busco um lugar sossegado...
fico lá meio escondido do mundo
jogando fumaça pro ar
pois não consigo tragar
como meu avô Raimundo
fico lá matutando matutando...
então as ideias se ajeitam na cachola
a dor no peito vai embora
esqueço as caraminholas
a natureza é professora
ou professor minha senhora...
Imagem: Almeida Junior