Comitiva tropeira
Ao som do berrante; ao cantar do galo
A comitiva se prepara
Os lotes de burros com suas cangalhas
O sertanejo com suas tralhas.
Os guizos a tocar...
Organiza os animais
Os balaios e bolsas pendurados
As arreatas bem organizadas.
A vida do tropeiro estampada
Nas estradas do fundo do Vale
Leva a bandeira do Divino
Com fé segue seu destino.
Os mantimentos em fartura
A lenha colhida a beira do matão
A viola apoiada nas costas
A música caipira no coração.
Não tem nada escrito não
A leitura... Só para poucos
Aqui tudo fica na memória
As letras, as toadas e o sermão.
Os cascos com suas ferraduras
É preciso muita atenção
Evitando acidentes; com cuidado...
Aos trotes ganham o capoeirão.
Chegando à vila...
Quanta emoção!
Os tropeiros com suas bandeiras
Traz festa; mostra a devoção.
É feita uma roda...
Catira, Moçambique
Congada e Jongo...
Danças enraizadas na tradição.
Comida tropeira... Isso é muito bom!
Feijão tropeiro, torresmo
Sopa de quirerinha e angu
Na mata: o cantar do inhambu.
Todos satisfeitos...
Descansam no rancho tropeiro
Fumam um cigarro de palha
Afinam a viola ao som do companheiro violeiro.
Amanhã bem cedinho...
A comitiva vai embora
Vai festejar em outras bandas
O mês inteiro longe de suas donas.
A saudade é grande
Dos filhos e da companheira
Mas é preciso agradecer
O bom ano de colheita.
Assim a comitiva vai...
Levando o sertanejo rumo ao estradão
Reflete a simplicidade com a fé
O amor a terra vermelha; cor do urucum que marca o coração.
Nessas bandas...
O rancho tropeiro tem valorização
Preserva, reflete e enaltece
O carinho e o respeito à vida, ao homem e a tradição.
(Para minha querida sogra Vergínia Ana de Jesus)