Censura Invisível
Sou Brasileiro,
Não nasci no Rio de Janeiro,
Mas meu pai já foi servente de pedreiro.
Não tenho muito dinheiro,
Mas é sempre bom ter um pouco mais,
Pois se pouco, já um pouco me satisfaz,
Um pouco mais,
Será sempre bem vindo.
Bem-vindo é uma bela palavra,
Que só se ouve quando és visto,
Mas quando tu és sufocado,
Pelos seus costumes e tradições,
Esta palavra pode soar um tanto sínica.
Maldita censura invisível,
Quer que eu ande “de acordo com o figurino”,
Mas que figurino é este que se diverge tanto do tradicional,
Esse figurino formal e ao mesmo tempo alienígena,
Alienígena em relação aos meus costumes,
Meus costumes baseados numa língua não reconhecida.
Mai qui coisa é essa sô,
Ieu num possu fala minha língua,
Purquê ela num é oficiar,
Mai aqui ondi eu vivu,
Nóis fala tudu assim,
I agenti si intendi,
Agora si aqueles povu la da capitar,
Tudu emprumadim,
Falando di jeito isquizito,
Qui nóis num intendi,
Elis é qui taum corretu?
Eu acho que sim...