Censura Invisível

Sou Brasileiro,

Não nasci no Rio de Janeiro,

Mas meu pai já foi servente de pedreiro.

Não tenho muito dinheiro,

Mas é sempre bom ter um pouco mais,

Pois se pouco, já um pouco me satisfaz,

Um pouco mais,

Será sempre bem vindo.

Bem-vindo é uma bela palavra,

Que só se ouve quando és visto,

Mas quando tu és sufocado,

Pelos seus costumes e tradições,

Esta palavra pode soar um tanto sínica.

Maldita censura invisível,

Quer que eu ande “de acordo com o figurino”,

Mas que figurino é este que se diverge tanto do tradicional,

Esse figurino formal e ao mesmo tempo alienígena,

Alienígena em relação aos meus costumes,

Meus costumes baseados numa língua não reconhecida.

Mai qui coisa é essa sô,

Ieu num possu fala minha língua,

Purquê ela num é oficiar,

Mai aqui ondi eu vivu,

Nóis fala tudu assim,

I agenti si intendi,

Agora si aqueles povu la da capitar,

Tudu emprumadim,

Falando di jeito isquizito,

Qui nóis num intendi,

Elis é qui taum corretu?

Eu acho que sim...

Luis Gustavo Esse
Enviado por Luis Gustavo Esse em 18/02/2011
Código do texto: T2799900
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