SONHADORA
Um dia se viu moça num tanque de agua fresca.
e abandonou de vez as bonecas que venerava.
passou a sonhar com outras paragens, nova vida
E por belos lugares elegante ela então sonhava.
Queria zarpar dali sem demora atrás de bonanças,
Buscar o conforto que seu velho pai merecia.
sacudiu o pó, devorou os cadernos, teve letras.
dominou o conhecimento com saber, dia a dia.
E sua maezinha que queria ainda aquela chita,
esquecida no armazém do turco e o tutu não dava.
precisava vela-la radiante dentro de uma um dia.
e enquanto a pobreza não se fosse, não sossegava.
Declinou vontades matrimoniais de alguém dali.
Alimentada por imaginárias paixões distantes.
E tendo se formado tornou-se professora local
e sua vida guinou e não foi mais como antes.
E o tempo cuidou para que cuidasse dos alunos
que a escola rural lhe dava de todos os grotões
viverei pregada num toco daqui sem arredar
ensinava e falava lá com seus botões.
Mas viu aos poucos os alunos migrando
tal e qual ela teria feito um dia de outrora.
e sorriu e seus sonhos também iam com eles.
realizados aos pouquinhos a cada aurora.
então volveu seus olhos àqueles escolados
que de saudades voltam em visita corrida.
e a cada abraço que um lhe dispensava em afeto.
sente o sonho realizado em sua mestra vida.