SONHADORA

Um dia se viu moça num tanque de agua fresca.

e abandonou de vez as bonecas que venerava.

passou a sonhar com outras paragens, nova vida

E por belos lugares elegante ela então sonhava.

Queria zarpar dali sem demora atrás de bonanças,

Buscar o conforto que seu velho pai merecia.

sacudiu o pó, devorou os cadernos, teve letras.

dominou o conhecimento com saber, dia a dia.

E sua maezinha que queria ainda aquela chita,

esquecida no armazém do turco e o tutu não dava.

precisava vela-la radiante dentro de uma um dia.

e enquanto a pobreza não se fosse, não sossegava.

Declinou vontades matrimoniais de alguém dali.

Alimentada por imaginárias paixões distantes.

E tendo se formado tornou-se professora local

e sua vida guinou e não foi mais como antes.

E o tempo cuidou para que cuidasse dos alunos

que a escola rural lhe dava de todos os grotões

viverei pregada num toco daqui sem arredar

ensinava e falava lá com seus botões.

Mas viu aos poucos os alunos migrando

tal e qual ela teria feito um dia de outrora.

e sorriu e seus sonhos também iam com eles.

realizados aos pouquinhos a cada aurora.

então volveu seus olhos àqueles escolados

que de saudades voltam em visita corrida.

e a cada abraço que um lhe dispensava em afeto.

sente o sonho realizado em sua mestra vida.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 17/02/2011
Reeditado em 17/02/2011
Código do texto: T2798432
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