Benzedeiras do sertão

É madrugada:

Faz frio e a serração está forte

Mamãe me agasalha

A viagem é longa!

Pegando a estrada à beira da represa

Mamãe me protege com muito amor

É preciso atenção

Chegar com segurança munido de fé.

É do sagrado e do profano

Que as benzedeiras num ritual empírico

Preparam as ervas e orações

Trazendo a cura pela devoção.

Espada de São Jorge, Alecrim,

Barbatimão, Erva de São João,

Quebra-pedra e Pé de Vaca

Tudo pronto!!!

"É só usá que com fé vai curá”.

É no universo místico das benzedeiras

Que me ponho a imaginar

O quão ritualístico...

É o homem do campo.

Aliado a seus santos

Num rito ancestral

Afugenta os maus espíritos

Traz cura, acalanto e conformação.

Do cuidado com as ervas

Ao respeito à oração

As benzedeiras dispensam:

Carinho ao homem do sertão.

Às curandeiras afeto tenho

A elas norteio meu coração

Curou meu filho querido

De um mal desconhecido.

É dos chás e dos emplastos

Que elas num ato sagrado

Reconhecem as suas entidades

Revivem os ensinamentos antepassados.

É de mãe para filha

Num respeito sem igual

As benzedeiras apreendem...

Preservam seu ritual.

Sagrado... Profano...

Assim vivem para beneficiar

Traduzindo sua vida

Resumindo seu mundo.

O ato de curar...

Ao sertanejo quer contemplar...

Benzedeiras do sertão:

A ti devoto minha vida com eterna gratidão!

LUCIANO MOREIRA
Enviado por LUCIANO MOREIRA em 31/01/2011
Reeditado em 13/05/2012
Código do texto: T2763963
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