Benzedeiras do sertão
É madrugada:
Faz frio e a serração está forte
Mamãe me agasalha
A viagem é longa!
Pegando a estrada à beira da represa
Mamãe me protege com muito amor
É preciso atenção
Chegar com segurança munido de fé.
É do sagrado e do profano
Que as benzedeiras num ritual empírico
Preparam as ervas e orações
Trazendo a cura pela devoção.
Espada de São Jorge, Alecrim,
Barbatimão, Erva de São João,
Quebra-pedra e Pé de Vaca
Tudo pronto!!!
"É só usá que com fé vai curá”.
É no universo místico das benzedeiras
Que me ponho a imaginar
O quão ritualístico...
É o homem do campo.
Aliado a seus santos
Num rito ancestral
Afugenta os maus espíritos
Traz cura, acalanto e conformação.
Do cuidado com as ervas
Ao respeito à oração
As benzedeiras dispensam:
Carinho ao homem do sertão.
Às curandeiras afeto tenho
A elas norteio meu coração
Curou meu filho querido
De um mal desconhecido.
É dos chás e dos emplastos
Que elas num ato sagrado
Reconhecem as suas entidades
Revivem os ensinamentos antepassados.
É de mãe para filha
Num respeito sem igual
As benzedeiras apreendem...
Preservam seu ritual.
Sagrado... Profano...
Assim vivem para beneficiar
Traduzindo sua vida
Resumindo seu mundo.
O ato de curar...
Ao sertanejo quer contemplar...
Benzedeiras do sertão:
A ti devoto minha vida com eterna gratidão!