A nova história do velho Pé de Jatobá

Autor: ANÍBAL RIBEIRO DE OLIVEIRA

(Pai de George Lemos)

Meus familiares e amigos, nesta época da nova Constituinte, nasceu uma grande história para nós. Estamos de sentimento pelo nosso velho amigo Pé de Jatobá, por conta da energia elétrica chagar. Ele sentiu o choque por uma turma de homens que não fazem parte da velha história que diz o seguinte: “Com a morte acaba tudo”. Porém, eu não concordo com a morte do meu velho amigo Jatobá!

Com a sua derrubada, surgiu uma triste história para a família. Minha casa ficou de luto pelo seu “esposo”, o Pé de Jatobá, uma árvore da família das leguminosas, centenária, plantada numa área rural, em frente de minha casa. Sinceramente, não havia necessidade de ser cortada, destruída, porque as instalações dos fios da rede de energia elétrica ficaram distantes.

A ignorância humana se deu ao uso do machado e com a brabeza sem diálogo. Confesso que fiquei muito triste em não mais encontrar às margem da Estrada, o meu velho amigo Pé de Jatobá. Hoje, tento buscar satisfação pela luz elétrica gerada no desenvolvimento em nosso Distrito, que há tempos precisava, porém, continuarei sentindo a falta da minha estimada árvore, porque ainda faço parte dela.

Centenário arvoredo que muito nos ofereceu beleza natural, pois adornava a paisagem com folhagens densas, colorindo os campos e promovendo sombra. Em torno dele, havia paz e momentos marcantes, como as brincadeiras das crianças, principalmente nas noites enluaradas. O Sítio São Roque ficou mais triste com a perda do Jatobá, , por conta do sistema progressista do mundo novo em nossa região. Nem só a família sentiu a sua ausência como também os vizinhos e outros habitantes que passavam pela Estrada da Cachoeira.

A derrubada da árvore ocorreu depois de treze anos vivendo longe de minha Terra Natal, no ano de 1988. Sempre recordo com muita emoção tudo que já se passou. Relembro quando acordava às cinco horas da manhã com o cantar dos cupidos nos galhos do Pé de Jatobá.

__E agora! Quem é que vai me acordar nas manhãs em São Roque, quando à minha terra eu voltar?

CRÉDITOS:

Quando escreveu tinha 69 anos de idade

Local e data: Rio de Janeiro, RJ, 20 de outubro de 1988

Natural de São Roque, distrito que pertenceu

à Guaraciaba do Norte (Hoje é Croatá-CE)

Data Nasc: 19 Jul 1919 (vivo). 2013

Revisão textual: George Lemos (filho)

Aníbal Ribeiro e Oliveira
Enviado por George Lemos em 31/12/2010
Reeditado em 08/06/2013
Código do texto: T2702031
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