Onde está, Oh! minha flor
Pela vidraça a vida passa
Ao longe, cantam os passarinhos
Cá, estou nesta gaiola
Aprisionado sem um ninho
Saudades dos verdes campos
Das copas, do fruto, da terra
Saudades do ribeirinho
Que saudade da minha serra
Lá no pé do monte
Bem á sombra dum ingazeiro
Foi ali, que sepultei
Sepultei meu amor primeiro
Era tarde, chovia forte
De medo parei ali
Desci do meu cavalo
Debaixo daqueles galhos,
Passei a chuva, nem vi
Pensamento dali distante
Do outro lado do mundo, errante
Imaginando tamanha dor
Minha flor foi se embora
Onde está perfumando agora,
Onde está, oh! minha flor
Sei que vives em outros braços
Enquanto aqui, me embaraço
Ébrio, entregue ao cansaço
A alma padece enfado
Longe estou dos teus cuidados
Por isso prefiro morrer
Desisti de teu amor
Ali mesmo no ingazeiro
Sepultei-te na saudade
Num suspiro derradeiro
Fiz uma prece, disse adeus
Esporei meu alazão
Fiz tudo, tudo certinho
E no meio do caminho
Percebi a questão
Fui sofrendo estrada a fora
Grande minha decepção
Sepultar o amor primeiro
Perceber, por derradeiro
Que o túmulo era meu coração.
fidelisf:. 14/12/10