Luto e vida no sertão

“No céu... No céu...

Com minha Mãe estarei...”

È anunciado na igreja

Dia de luto e tristeza

A morte de mais um filho

A cidade cai em pranto.

Todos com seus terços a mão

A matriz em marcha vão

Rezar pela alma perdida...

Pedindo absolvição.

No velório na casa velha...

Todos reunidos a entoar...

Ladainhas e preces

É preciso preparar.

Preparar para a entrada no céu

De um pagãozinho reinador

Ninguém espera nessa fase

Abandonar seu protetor.

Como um anjinho vai ao céu

Viver em meio à legião

Olhar por todos embaixo

Na roça, na lida... Ganhando o pão.

O caixãozinho enfeitado...

Com flores e fitas...

A roupinha branca coarada

No sol quente da tardinha.

As crianças vão à frente...

Com olhos de desolação

Os pais seguem atrás...

Ave Maria, Pai Nosso e Salve Rainha no coração.

A sepultura está no alto

Da montanha a avistar...

Todo o casario da cidade

É preciso lembrar...

Lembrar que a impermanência é real

Que nascer e morrer é natural

Sofrer e ser feliz...

É comum a todo mortal.

Na missa de sétimo dia

A vila em união

Aparece com seus filhos

Preservam a tradição.

Com novenas e rezas

O mês inteiro vai levar

Alegrias e saudades

Coisas boas a lembrar.

Da terra vim...

E a ela retornarei...

Almejo a vida eterna

Mas apego tenho a minha vida na terra.

Que da morte venha a ressurreição

Assim vive o sertão...

Que jamais morrerá...

Pois seu povo acredita e preserva:

Sua cultura, sua fé e sua tradição!

LUCIANO MOREIRA
Enviado por LUCIANO MOREIRA em 04/09/2010
Código do texto: T2478483
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