CORONÉ BEIJA A SI
Na Bahia do nosso Deus,
lá pras bandas do sertão,
um coroné fariseu,
tão insolente irmão.
Homem de metro e sessenta,
e se achava um gigante...
Seu visual apresenta,
um gorducho arrogante.
De branco sempre estava,
achava-se o mais letrado...
Realmente estudava,
não posso negar tal fato.
Em tudo era o melhor:
senhor, dono da razão:
para muitos, o pior,
isto não nego, irmão!
Dizia-se o soberano,
queria, em tudo, o seu nome;
cantava tal qual soprano,
muito bom no megafone.
No clube da sua cidade,
o seu nome fez valer,
"dois tostões" de caridade,
Beija a Si aparecer:
Tinha seu nome na praça,
lá no ginásio também;
na prefeitura, sua graça
buscando o seu grande bem.
Faltava-lhe humildade;
soberba, muito sobrava...
Pra ninguém dizia a idade:
oitenta - o perfil mostrava!
Muito bom em Matemática:
"um pra ti" e "dois pra mim",
era sempre sua temática:
favorecido no fim.
Adorava viajar...
Sua vida, um bonachão:
convívio de marajá,
sem pisar o pé no chão.
Foi sempre cabra valente:
briga - jamais enjeitava;
tal sujeito prepotente,
um grupinho comandava...
Ganhou herança latente,
sentiu-se perto do céu:
resolveu comprar patente
e logo de coronel!
Combateu coluna Prestes
sem da roça ter saído,
com seus dez cabras das pestes
juntos deles, bem temido!
Para prefeito indicado,
um bom administrador,
todo trabalho aplicado,
lógico... a seu favor!