“A RAPARIGA”



E AQUELA QUADRINHA ANTIGA
QUE EU LIA NA MINHA INFÂNCIA
SOBRE A MOÇA RAPARIGA
NÃO ME SAIU DA LEMBRANÇA


POIS NA CABEÇA DOS MOÇOS
QUE VIVIA NO ARRAIÁ
COM A RAPARIGA ROSINHA
NENHUM  QUERIA  CASÁ


MAS ELA NUM TINHA CULPA
DAS USANÇAS DO LUGÁ
ONDE RAPARIGA MOÇA
NÃO PODIA SE CASÁ


SÓ NO BRASIL SERTANEJO
SÓ NO BENDITO ARRAIÁ
A MAIS LINDA RAPARIGA
NUM PODIA SE CASÁ


NEM MESMO QUINZINHO GORDO
QUE NO ESTRANGERO ESTUDÔ
QUIS SABÊ DA RAPARIGA
QUE DE PORTUGAL CHEGÔ


ATÉ QUE UM DIA NA VILA
JUNTO COM UM TEMPORÁ
CHEGÔ UM CIRCO FESTIVO
VINDO LÁ DE PORTUGÁ.


O REGENTE DA BANDINHA
ENTRE O LAMAÇAL E A CHUVA
VIU O ROSTO DE ROSINHA
E EXLAMOU: ELA É UMA UVA!


A RAPARIGA SORRINDO
COM SUA MÃE COMENTÔ
SERÁ QUE VÔ ME CASÁ?
SERÁ QUE O DIA CHEGÔ?


DEPOIS DE UMA SEMANA
DISPOIS QUE O CIRCO ASSENTÔ
O REGENTE SORRIDENTE
PRA PLATÉIA ANUNCIÔ


O ACHADO DA SUA VIDA
NAQUELA VILA PERDIDA
UMA VIRGEM ELE ENCONTRÔ:
A RAPARIGA ROSINHA, 
                             SUA MULHÉ, 
                                          SEU AMÔ.



Brasília, 20 de janeiro de 2005
Publicado na www.usinadeletras.com.br



Maninha querida.
Achei tão bunitinha a história di Rosinha
que vim dexá meus versim aqui tomêm.
Beijos... Milla



ROSINHA I U REGENTI

 

A rapariga Rosinha

Cum u regenti casada

Foi morá numa casinha

Lá na bêra da istrada.

 

Ela tantu isperô

Pela tár filicidade

Qui pur eli sincantô

- Era amô di verdadi.

 

I u bunitu casár

Trêis fio incumendáru.

Mai pra qui nun déssi azar

Nu quartu fio pensáru.

 

I ancim na inucença

Toda noite fabricânu

Haja Deus, santa pacênça!

A fila foi armentânu.

 

Zézim, Pêdo i Maria,

Tonho, Chicu i Juão,

Bernadeti e Sufia,

I u danado du Tião.

 

Nóvi fios tão bunitu,

Mais u regenti pensô.

- Ancim fica isquisitu,

I us deiz fio cumpretô.

 

Intonci vêi u’a minina,

Pra trazê mais aligria.

A bunita Serafina,

Dus dois, a décima cria.

 

A casinha – ora essa,

Ficô bem piquininha.

I u regenti, dipressa,

Mudô cum sua Rosinha.

 

Carregânu us dez fio

I tomêm sua muié

Foi lá pra bêra du rio

Vizinhu du seu Mané.

 

Rosinha mais us dez fio

I seu amadu regenti.

Na bêra daqueli rio

Vivêru, eternamenti!

(Milla Pereira)

 

 



A querida Rejane Chica deixou sua contribuição pra Rosinha portuguesa



Fiquei com pena da Rosinha
que queria se casar
 ainda bem apareceu a fadinha
 e lhe mandou um pra lhe amar!
 
Rejane Chica



 





Meu mano Pedrinho entendeu direitinho o significado destorcido que deram ao substantivo "rapariga" aqui no Brasil. Obrigada querido.


Português, sendo bom rapaz
A Rosinha mereceu encontrar
Rapariga, num tempo atrás
Éramos proibidos de falar
Mas, esse português correto
Em Portugal é bem concreto
No Sudeste do Brasil, é vulgar!
 
Pedrinho Goltara
 

 

 

 

 

 

O poeta Edson Gonçalves Ferreira passou por aqui e deixou sua "história", é claro que seu bom humor está presente. Obrigada poeta. 

 

 

O raparigo
 
De Edson Gonçalves Ferreira
para Hull de La Fuente e Milla Pereira e amigos do Recanto
 
Mineirinhu do uai, sô, num percu tempu não
Si veju um arrasta pé, já vou dipressa
Tão dipressa como o diabo,
Pra mode de arrastá moça donzela
No gira gira da viola
Num bebu não, nasci tontu de prontidão
Quem me conheci fica ademirado
Sô o poeta tocado a pia
Inté em Portugal perguntam
Adonde tira a pia dele
Purque eles ficam tontinhos
Quando eu piso pur lá
Dano a fazê diabruras
Qui fazo todo mundo de ri chorá
E pra terminá meus versinhos
Simpres, mais cheius de ternura
Deixo um beiju no cangote das muié
E um abraçu prus poetas, nossos amigos.
 
Um beijo, Edson
 
Divinópolis, 28.06.2010 
 

 

Tal designação tem diferenças,
Conforme a região das meninas...
No Nordeste é a triste a sina,
Mas no sul, tem outras crenças...
 
Jacó Filho
 


 

 

 

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 29/06/2010
Reeditado em 03/07/2010
Código do texto: T2348242
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