CARREIRO CAPRICHOSO *

Eu tirei na lua certa

Madeira bem escolhida

O carro construí de balsamo

Qualidade preferida

Cangas, canzis e chaveias

Do puro jacarandá

Dois varões aparelhados

Escolhi de catiguá.

Arreatas de cambãos

Escolhida de ipê

Também vara de ferrão

No capricho como quê

A esteira de taquara

Com capricho foi tecida

Muito bem arrematada

Para pegar boa medida.

Eu fiz a corda ligeira

De couro crú caprichado

As broxas e tiradeiras

Torcidas, bem acochadas

Ajoujos do fio do lombo

Do jeito que sei fazer

Banhei tudo no azeite

Para o rato não roer.

Azeiteiro pendurado

Para as cantadeiras untar

Para o carro cantar bonito

O eixo não desgastar

Azeiteiro é uma lembrança

Que do meu peito não sai

É o chifre do balancete

Herança do velho pai.

Os dez bois amansei

Ensinei bem ensinados

Argolei dos taís, os chifres

Com carinho garampados

Não escondo a identidade

Sou do mato, sou roceiro,

Amo minha profissão,

Orgulho de ser carreiro.

*A referida poesia é de autoria de ( Manoel da Silveira Corrêa - conhecido em Vazante-MG como: Manoel da Tunica). Disponível em: http://rogerioscorrea.blogspot.com