MULÉ PARA CASAR

 Não! Eu garanto que não,
eu não vou pedir a mão
de mulé para casar.
Eu posso até ser matuto,
um cabra metido a bruto,
mas num vou me abestalhar.

Para limpar o roçado,
eu fui pedir emprestado
ao compadre, uma enxada.
Ele até que emprestou
mas quando ela chegou
veio sem cabo a danada.

Eu fiquei meio sem jeito,
mesmo assim meti os peito
e fiz a reclamação.
Disse o compadre, mei brabo:
“Se quisesse ela com cabo
eu não tirava ele não!”.

Entonce, se vou casar,
de que vai adiantar
o diabo de uma mão?
Se tenho duas com calo
eu não sou nenhum cavalo
pra querer mais uma não.

Quero uma mulé todinha,
com dois zói e uma boquinha,
a venta e o coração;
que venha com dois zuvidos,
tenha os cabelos cumpridos,
dois peitos como mamão.

Venha com as mão que tiver,
com dois mocotó, dois pé,
a bunda de tanajura;
a dois palmos da titela,
venha enfeitando ela
o que todo homem procura.