Prece
Não sei falar difícil...
Sou matuto do sertão...
Mas da vida simples
Meu mundo faço eu.
Entender as coisas da vida
Entender o mundo meu
Entender que sofrer calado
Faz o mundo esperado.
Fome, guerra...
Fartura e paz
O mundo segue seu rumo
Eu vivo rumo ao fundo.
Fundo e profundo...
Sagrado e profano...
Tentar entender as catástrofes
Compreender as causas limítrofes.
Morte e vida...
Chuva e seca...
Em minha mente vagueia
Tentar viver em um mundo sem fronteiras.
Caminhar no sertão
Catar pedrinhas no chão
Beber água da mina
Comer frutos e colher feijão.
Correr em meio à plantação
Observar o campo no verão...
Entender que de dezesseis vingaram onze
E agradecer sem sentir apego e ilusão.
Observando o mundão
É que entendo esse sertão
De desgraças e graças
Caminha, trabalha e alcança... Alcança a perfeição.
É de sonhos e tristezas...
Comum a todo mortal
Que o sertanejo na sua sapiência
Luta, grita e canta:
“Ave Maria no morro
Pai Nosso me dê o céu
Que a comida seja farta
Que o resto corro atrás...
Dê saúde aos meus filhos
Água a plantação
Que prometo na Semana Santa
Jejuar e fazer prostração
Oh meu sertão querido
Daqui não saio não
Aqui vivo feliz...
Longe da atribulação
Obrigado meu Deus
Agradeço com emoção
Pois a Ti sempre confiei...
Minha vida, minha sina e meu coração!”