Prece

Não sei falar difícil...

Sou matuto do sertão...

Mas da vida simples

Meu mundo faço eu.

Entender as coisas da vida

Entender o mundo meu

Entender que sofrer calado

Faz o mundo esperado.

Fome, guerra...

Fartura e paz

O mundo segue seu rumo

Eu vivo rumo ao fundo.

Fundo e profundo...

Sagrado e profano...

Tentar entender as catástrofes

Compreender as causas limítrofes.

Morte e vida...

Chuva e seca...

Em minha mente vagueia

Tentar viver em um mundo sem fronteiras.

Caminhar no sertão

Catar pedrinhas no chão

Beber água da mina

Comer frutos e colher feijão.

Correr em meio à plantação

Observar o campo no verão...

Entender que de dezesseis vingaram onze

E agradecer sem sentir apego e ilusão.

Observando o mundão

É que entendo esse sertão

De desgraças e graças

Caminha, trabalha e alcança... Alcança a perfeição.

É de sonhos e tristezas...

Comum a todo mortal

Que o sertanejo na sua sapiência

Luta, grita e canta:

“Ave Maria no morro

Pai Nosso me dê o céu

Que a comida seja farta

Que o resto corro atrás...

Dê saúde aos meus filhos

Água a plantação

Que prometo na Semana Santa

Jejuar e fazer prostração

Oh meu sertão querido

Daqui não saio não

Aqui vivo feliz...

Longe da atribulação

Obrigado meu Deus

Agradeço com emoção

Pois a Ti sempre confiei...

Minha vida, minha sina e meu coração!”

LUCIANO MOREIRA
Enviado por LUCIANO MOREIRA em 28/02/2010
Reeditado em 23/07/2013
Código do texto: T2112398
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