Cipó, cipozeiro

Correndo pelo matão...

Observando os inhanbus e embaúbas

Foi que tomei a decisão:

É preciso manter os costumes.

Construir, alinhar e modificar...

Cipó; cipozeiro...

Constrói nossas casas... Prende o sapé nos protegendo

Une as folhas dando-nos conforto.

Balançando no cipó...

Num movimento sem fim

Imagino como seria

O mundo sem hipocrisia.

Construindo; destruindo...

Assim, o “bicho home”

Constrói, destrói...

Faz e refaz...

Foi nesse cipozeiro

Aqui nessa grota

Que passei a perceber

Só cá meu mundo vai reinar.

Cipozeiro... Aqui estou

Protegido da violência

Coberto de amor

Livre da incompreensão.

Você me conhece muito bem

É meu amigo confidente

Talvez, cipozeiro, você seja

Meu único e fiel companheiro.

A Natureza...

Não nos engana

Ela sabe o momento certo

De dar... Tirar...

Cipó...

Preocupo-me com você

Como seria a vida do sertanejo

Sem a sua presença?

O sertanejo é muito emotivo

Não vive sem seus companheiros

Seja ela sua amada

Ou seja, seu cipozeiro.

Nós aqui...

Proseamos com a Natureza

Mas acredite...

Não é loucura, não!

A Natureza para nós...

É como uma mãe

Que acolhe a todos,

Dando amor e proteção.

Cipó, cipozeiro...

Sua flor é um primor

Seus galhos fortes

Traz-nos força e amizade.

Minha casa tem cipó

Meu sítio cipozeiro

Minha terra tem canário

Meu coração um reino.

Que sempre meu mundo

Preso num cipozeiro

Seja puro e verdadeiro

Transformador e conselheiro.

Pois foi nessa terra...

Preso a um cipó

Que aprendi a respeitar a Natureza

Com muito zelo e dó.

LUCIANO MOREIRA
Enviado por LUCIANO MOREIRA em 11/02/2010
Reeditado em 29/03/2015
Código do texto: T2081929
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