Cipó, cipozeiro
Correndo pelo matão...
Observando os inhanbus e embaúbas
Foi que tomei a decisão:
É preciso manter os costumes.
Construir, alinhar e modificar...
Cipó; cipozeiro...
Constrói nossas casas... Prende o sapé nos protegendo
Une as folhas dando-nos conforto.
Balançando no cipó...
Num movimento sem fim
Imagino como seria
O mundo sem hipocrisia.
Construindo; destruindo...
Assim, o “bicho home”
Constrói, destrói...
Faz e refaz...
Foi nesse cipozeiro
Aqui nessa grota
Que passei a perceber
Só cá meu mundo vai reinar.
Cipozeiro... Aqui estou
Protegido da violência
Coberto de amor
Livre da incompreensão.
Você me conhece muito bem
É meu amigo confidente
Talvez, cipozeiro, você seja
Meu único e fiel companheiro.
A Natureza...
Não nos engana
Ela sabe o momento certo
De dar... Tirar...
Cipó...
Preocupo-me com você
Como seria a vida do sertanejo
Sem a sua presença?
O sertanejo é muito emotivo
Não vive sem seus companheiros
Seja ela sua amada
Ou seja, seu cipozeiro.
Nós aqui...
Proseamos com a Natureza
Mas acredite...
Não é loucura, não!
A Natureza para nós...
É como uma mãe
Que acolhe a todos,
Dando amor e proteção.
Cipó, cipozeiro...
Sua flor é um primor
Seus galhos fortes
Traz-nos força e amizade.
Minha casa tem cipó
Meu sítio cipozeiro
Minha terra tem canário
Meu coração um reino.
Que sempre meu mundo
Preso num cipozeiro
Seja puro e verdadeiro
Transformador e conselheiro.
Pois foi nessa terra...
Preso a um cipó
Que aprendi a respeitar a Natureza
Com muito zelo e dó.