Sordade do caboco
Que farta me faz o buqueirão,
que sordade do meu sertão,
as lembrança que tenho daí
são as causa dos meus ai.
E pra ispantá essa solidão
só mesmo o luar do meu sertão
pois, só fico tranquilo
se ouço o cantá dos grilo.
Que sordade daquele tempo,
que quando me alembro,
uma dor no peito aparece
careceno a gente duma prece.
Que sordade daqueles dia
em que eu e minha veia
na rede que nois drumia
fazia um calangotango.
E dispois dela agarra neu
feito jiboia prendeno eu
e deu grunir que nem cachorrinho
ficava os dois bem juntinho.
Os dois bem agarradinho
ispiano o tempo passar
eu fumano um cigarrinho
e ela oiano o luar.
Quando era de manhã
eu surria que nem criança
e ela meio que sem graça
cantava que nem cigarra.
Tenho farta dos dias que aí vivi
pois, creio que aqui eu já morri
e em meio a esse frio disgraçado
meu coração inté ficô dispedaçado.
Aqui ocê trabaia que nem doido
e o coração da gente vivi apertado.
Penso inté que vou morrer
se acaso um dia eu num vortá
pra minha linda terra natá.