BOTINÃO
Aprontei um rebu pelo capado
tentando pegar um tatu arisco,
espantei uma galinha que cacarejou,
e vazou na relva feito um corisco.
Gritou da tapera a preta velha.
Olha a bagunça que entra no marmelo.
esticado nas canelas pra arder e vermelhar,
feito pinicada de marimbondo em buguelo.
Quem sabe no paiol eu não acho uma cachaça,
porque o frio danado vem congelando as ventas,
vou roubar da preta uma linguiça maria rosa,
pois sem tira gosto não tem quem aguenta.
A Tudica me falou que atras do morro,
tem baile hoje lá na casa do João Mané.
vou ajeitar logo, logo o paleto xadréz,
depois enfiar meu botinão marrom nos pés.
O problema e so pegar lá no pasto a essa hora,
o Burro Sete de Ouros, bichinho desconfiado.
pronto pro coice e sem vontade de obediência.
que só consigo trazer comigo se for tapeado.
È sumir no meloso escondido de casa,
hoje o arrozal lá do brejo não capinei,
e se o velho me pega é surra de hospital,
vou sair e quando ele espantar já casquei.