BOTINÃO

Aprontei um rebu pelo capado

tentando pegar um tatu arisco,

espantei uma galinha que cacarejou,

e vazou na relva feito um corisco.

Gritou da tapera a preta velha.

Olha a bagunça que entra no marmelo.

esticado nas canelas pra arder e vermelhar,

feito pinicada de marimbondo em buguelo.

Quem sabe no paiol eu não acho uma cachaça,

porque o frio danado vem congelando as ventas,

vou roubar da preta uma linguiça maria rosa,

pois sem tira gosto não tem quem aguenta.

A Tudica me falou que atras do morro,

tem baile hoje lá na casa do João Mané.

vou ajeitar logo, logo o paleto xadréz,

depois enfiar meu botinão marrom nos pés.

O problema e so pegar lá no pasto a essa hora,

o Burro Sete de Ouros, bichinho desconfiado.

pronto pro coice e sem vontade de obediência.

que só consigo trazer comigo se for tapeado.

È sumir no meloso escondido de casa,

hoje o arrozal lá do brejo não capinei,

e se o velho me pega é surra de hospital,

vou sair e quando ele espantar já casquei.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 15/07/2009
Reeditado em 03/07/2010
Código do texto: T1701291
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