O DIA EM QUE O DIABO MORDEU O RABO
Foi no dia de São Tomé, lá pras bandas de Rolante,
ninguém saberá explicar, como deu-se o acontecido,
todos viram , ninguém conta,
essa história sem sentido.
Vi falar que nesta hora
em que o demo apareceu,
deu faísca, raio, enxofre, tudo a que
tem direito,
mas não pensem que fugi,
sou macho de muito respeito.
É verdade, não fugi, mas os olhos desviei,
as pernas correram errantes
e não sei como explicar,
minha sombra chegou antes.
E o tal diabo,afinal,
que foi que fez, que queria?
Ficou muito espantado
por conta da correria.
Mas tenho pra mim que foi engano
daquele que veio das trevas,
cair num buraco de vila
xinfrim, só lodo e macegas?
Mas entonces quem que viu
o tal diabo afinal,
se todo mundo fugiu
pras bandas do matagal?
Ver de olhar, não viu,
sentir de encostar, não sentiu,
cheirar de fungar, não cheirou,
muito menos provar de sentir o gosto, cruz credo!
Só se sabe que o capeta,
aquele de nome Diabo,
de tanta raiva,arranjou
por morder ó próprio rabo!