TILIVISÃO
Chegô aqui no sertão,
uma teconologia nova
que o povo chama de tilivisão.
Eu passo oras oiando e soinhando
caqueles gatos e caquelas muié lindona,
ca boca cheia de batão
que aparece na tilivisão.
E de tanto oiá, até corage criei
e arresorvi me decrará pro João.
O João aqui no sertão,
é o maior gatão.
Ai, meu Deus,
ele é um pedaço de pão.
Arto, zóio preto
que nem jabuticaba madura
que a gente morde e faiz baruio.
E eu fui falá co João.
Mas antes, passei na boca
bastante batão.
- “ Oi, João, ocê não acha
que tá na hora de dexá
de tanta timideiz e pegá na minha mão?”
O João oiô prá eu
e me arrespondeu:
“ Cai fora menina.
Não quero pegá na tua mão
e muito menos bejá
essa boca cheia de batão.”
Limpei o batão ca mão,
mais não desisti. Afinar se
o João não gosta de batão,
tarveiz me prefira ao naturar;
sem batão e sem frescura no oiar.
Desmanchei as trança,
lavei a cara, e fui novamente atrás do João.
Afinar, sempre dá certo na tilivisão.
Mais nem no naturar
o João quis saber de mim.
Fiquei numa tristeza sem fim...
Mais a tristeza passô.
Eu pensei, pensei e decidi.
“Prá que perciso do João,
se posso vê tanto gato na tilivisão.
Azar do João, vô dá prá outro meu coração.”
E não dei mais bola prá ele, não, diacho.
Inté já arrumei outro namorado.
Zóio azur, arto, loiro...ai...ai...
iguarzinho o Caco do Sai de Baixo.
Oceis precisam conhecê,
ele é tão bonitinho,
parece inté bolinho de graxa
de tão fofinho.
E lá vô eu de batão,
dá um beijo no meu novo gatão
que é iguarzinho o Caco da tilivisão.
Será que ele gosta de batão??